sábado, 17 de maio de 2008

Passei-me

Hoje a coisa podia ter corrido mal…muito mal
08h da manhã estava aquele fresco húmido que faz cócegas no nariz que o espirro acusa
E eu toda muita senhora de mim lá fui comprar material que me faz falta para trabalhar.
Encomenda de vidros, encomenda de tintas e mais isto e mais aquilo…tare-teteu pardais ao ninho.
Sobrou algum tempo para um cafézinho mais companheiro cigarro uma observação maliciosa aqui outra mais inocente ali, coisitas banais
Já estava de volta naquele miniautocarro de 17 lugares (urbana) a trocar conversas fúteis com a condutora quando…
Uma negra entrava na dita cuja URBANA
- Bem velhinha – pensei – cabelo todo branco…
Por ver tanta dificuldade pois o corpo era bem pesado e os sacos não ajudavam resolvi dar uma mãozinha
Voltei para o banco…ainda não tinha acabado de me sentar mesmo por de traz do meu ombro um cinquentão com aquela rouquidão típica carregada de humor sórdido
- O quê agora aqui também entram animais?
- A começar por ti meu grande BOI – respondi olhando bem nos olhos
- Não foi consigo que eu falei – respondeu com um sorrisinho pendurado nas beiças
- Acontece companheiro que eu falei para si – levantei-me rapidinho e continuei – tem algum problema nisso?
- …
Esperei alguma reacção e esperei novamente mas cansei da espera
- É que se houver algum problemazinho saímos os dois na próxima paragem boa?
- Então…vamos a ter calma ai para traz – agua posta na fervura pela condutora – e o senhor tenha mais tento na língua quando fala dos outros passageiros.
Na paragem seguinte saiu aquele “ser vivo” que com aquela postura provavelmente até já morreu e não sabe.
A idosa com um sumido – obrigado – olhou para mim
No rosto cor de chocolate ainda se vê o rasto que a beleza de uma noite de Verão naquela face deixou, percebi o cansaço da rejeição apenas por ser diferente.

1 comentário:

Cris Medeiros disse...

Tocante o seu texto! Até fiquei arrepiada, porque se tem algo que mexe comigo é discriminação. Acho que faria o mesmo que vc! Parabéns

Beijos