sexta-feira, 22 de maio de 2009

CARTA SEM DESTINO


Neste teu nada fazer
Neste teu acontecer
Fico desconfortável
Neste abraçar o domínio do tempo
Nesta contemplação passiva
Eu não tenho espaço
Neste teu esperar o perigo
Nesta tua castração de agir
Fico incomodada
Pedir ajuda não é humilhação
Muita dignidade é preciso ter para reconhecer a urgência de uma mão amiga
Quando estamos em falta
Dar a cara não é desfaçatez
Encarar os olhos julgadores
É pura coragem
Ter raça é ter a consciência que tudo fizemos pela condição de acordar vivos
Aiiii! Não aguento mais este desprezo que tens por ti
Ahhhh!
Esta falta de brio em ti faz-me mal
Podes errar
Podes falhar
Podes negligenciar
Até magoar
Mas não tens o direito NUNCA
De me privares de REMENDAR
Os buracos de tecidos que nunca escolhi

quinta-feira, 14 de maio de 2009

História Fracassada

Raios partam isto
Portas fechadas
Caminhos sem chão
Silêncios com voz vergonha
Risos com roupa de ilusão
Pressões embaraçadas
Teimosia dignamente mantida
Brincadeira friamente calculada
Pensamentos Inteligentemente escondidos
Emoções contidas
Raiva estrangulada
Maldosa imputação
Domínio na reacção Controlada
Nó cego em duplicado
Soluções astutamente habilidosas
Clandestinidade forçada
História em novelo desmembrado
Oração espontânea
Súplica convicta numa troca de vidas
Memória enevoada e esbatida
Vozes amigas gritam:
-Fica Amiga
Vontades castradas sem anestesia
Gotas salgadas rolam e pronta hora sempre limpas
Maquilhagem artística esconde a face endurecida
Raios partam isto
Fracasso de história de vida

terça-feira, 12 de maio de 2009

FOLHA BRANCA

Papel branco, caneta na mão
Nada escrevo
Nada sinto
Dentro de mim olho
Tudo é vazio
Tento escrever as linhas do meu Destino
Mas…não sou DEUS
Escrever o quê???
Estar viva???
Oras gaita, logo eu que desprezo a vida!
Feitas as contas nunca falámos a mesma língua
Comigo ela troça…e eu…rio dela
Escrever o quê??? Os “Outros”…???
Oras c’um raio…cada um nas suas entrelinhas
Sou um momento no tempo de cada “um”
E cada “um” tem um tempo no meu momento
Escrever o quê???
O “Ontem”???
Ahhhh pois claro… faz toda a diferença no Hoje
Escrever cicatrizes que fiz, as marcas cravadas que tenho
As pegadas empedradas que deixei e os trilhos que nunca encontrei
Depois para ficar mais bonitinho, escrevo de amores desencontrados no tempo certo
Acrescento audaciosamente com malícia as necessidades de corpos e fluidos que se descobriram
Esta equação fica sempre poética
Escrever o quê???
O “Amanhã”???
O “A…ma…nhã”…pois o “amanhã”
É capaz de ficar engraçadinho escrever promessas eternas a mim mesma
Em tom acusatório de quem tem dor de magoa
Pelo meio fazer umas frases meio entusiastas ao pôr de sol, ponho uns passarinhos aqui…umas borboletas ali e umas florinhas pelo meio até não fica nada mal
Passo de raspão pelo PERDOAR
Recito uns quantos tempos do verbo AMAR
Dou um lamiré para um recomeço qualquer para terminar
Assim fica preenchida a folha branca
É fácil e certeiro…não tem erro
Escrever o quê???
Quando CAMINHO é nenhum
O HORIZONTE deixou de estar
E o SENTIR apenas ficou vazio
Igual a um abismo em que o NADA É REI

segunda-feira, 11 de maio de 2009

FUGIR

Correr atrás de mim ???
De nada vale!!!
A mim ninguém consegue agarrar
Sou o vento fresco em forma de carícia que marca pela diferença
Se agora estou…depressa deixo de estar
A gargalhar falo sério
Fixo os olhos bem fundo e leio as almas
Prevejo os infortúnios
Adivinho as marcas
E num baixar de olhos fujo
Correr atrás de mim???
De nada vale!!!
A mim ninguém consegue agarrar
Gosto de ser somente o momento na lembrança dos olhares com quem me cruzo
Se agora estou…depressa deixo de estar
Fujo sem nunca cansar
Realidade é coisa que não me assusta
Realidade…dela não tenho medo
Nos seus olhos mergulho e leio-a sem engasgos …sem erros
Humanos esses…pobres coitados…cansam e causam-me pena
Atropelam-se, maldizem e iludem-se
Para eles olho com desprezo
A morte essa trato por tu…somos velhas amigas
Parceiras donas de uma cumplicidade sem igual
Onde ela estiver estou EU e…eu não fico sem ELA
Eu confesso
Fujo sem nunca cansar
Num constante impulso…fujo de mim
Fujo daquilo que sei ser capaz
Porque…porque não quero saber
Fujo do que tenho
Porque…porque não quero manter
Fujo do que perco
Porque…porque não quero sentir
Correr atrás de mim???
De nada vale!!!
A mim ninguém consegue agarrar
COBARDIA é meu nome
Fugir é minha necessidade