domingo, 28 de setembro de 2008

Agora...TU e eu

Ora bem, agora nós, TU e eu
Agora que estou, mais cheia de mim, posso olhar nos teus olhos e sem receios, sem evasivas e sem entrelinhas vamos conversar.
Agora que atingi a fase do “não quero saber” e do “não me interessa”
Vamos conversar.
Fiquei zangada contigo SIM
Não ponho em causa a tua existência, mas esta coisa do “luta agora os PORQUÊS sabes depois” já cansei.
TU, és quem mais me conhece, por isso de nada vale querer fazer papel de resignada ou coisa que me valha.
TU, sabes bem demais que nunca fui mortal para de braços cruzados, ficar à espera do desabar.
Sabes que perante TI, sempre na nudez mais despida assumi a minha condição de mortal.
Sabes que perante TI, sempre assumi minhas escolhas e suas consequências.
TU sabes, que sempre apostei em ser aquela guerreira sobrevivente, com o corpo doendo sorrindo sempre com alma.
Quando vivo a dor alheia, de sorriso triste olho para TI percebes sempre minha mensagem…e acodes
Quando vivo minhas dores, de sorriso confiante olho para TI e dizes sempre – toma lá nada que não te engano.
Pois bem, quando entenderes que até sou merecedora de alguma atenção TUA…eu agradeço
Muito bem, quando entenderes que é tempo de me facilitares um BOCADINHO as coisas por aqui…eu agradeço
DEUS, ÉS um óptimo jogador com o ACASO
Todos ficam sempre reconhecidos quando a “ocasionalidade” certeira lhes bate a porta.
Pois então, também eu gostava de fazer esse sorriso de espanto e gratidão
Pois então, também a mim me dava jeito, não ter que andar à procura de porta aberta “por ironia do DESTINO”
DEUS, jogas bem xadrez…demais para meu gosto
A forma como movimentas os AGORAS, os ACASOS e as COINCIDENCIA, a ser verdadeira já me começa a irritar e faz-me duvidar das regras deste jogo que , todos agradecidos e muito reconhecidos chamam de vida e que és TU taaaão… generoso que a dás.
Muitas teorias por aqui são faladas, que faz parte da evolução, que são ajuste de vidas antigas patati….patata
Teorias engenhosas … mas não mais que teorias
Por mim não quero nem me interessa saber.
Sei que de EVOLUIR cada um de nós escolhe ou não crescer
Lembras-te do livre arbítrio? Pois então não fui eu que deixei esse legado. Certo?
Sei que…de nada me lembro desses PASSADOS, por isso essas contas em divida para mim estão soldadas
DEUS, sabes que a escolha que fiz, foi sentida, pensada e verdadeira
DEUS, agora cabe a TI escolher também

( Este texto é só um estado de alma, uma simples conversa comigo e com ELE. Não o ferir a Fé ou sensibilidade de quem quer que seja.)


quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Meu TESOURO...Minha JOIA


No meu colo podia ter um TESOURO ou uma JÓIA
Nos meus braços podia ter Aquele que seria meu orgulho
De mão dada podia ver os dias passarem com Aquela que seria o meu sorriso
Fui obrigada a escolher se daria vida a um ser ou se alguém acompanhava até morrer.
Arrependimento não sinto…apenas lamento
Meu Tesouro…tua cara podia ser de traços fortes e vincados com olhos azuis como teu pai
Minha Jóia…podias ter covinhas ladinas com olhos cor de terra como tua mãe
Muitas vezes sonhei…
Com teu cheiro, com tua pele e ouvia tua voz a chamar – mãe
Inventei baladas sempre que na rua uma grávida via
Inventei histórias de castelos e princesas sempre que na rua me cruzava com o bebé de alguém
Arrependimento não sinto…apenas lamento
Assim escolhi…por amar demais
Sei que fui para ti uma boa mãe
Ao meu útero… proibi germinar
Aos meus ovários… privei gerar
Ao meu peito… neguei pulsar
Arrependimento não sinto…sei que fiz bem
Somente tenho saudades de ti…porque não te pari
Somente tenho saudades de mim…porque escolhi…não ser mãe

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

É tudo...MENTIRA

Sempre estive completa… numa serenidade sem medo
Minha existência sempre foi…uma onda suave e morna
Todos os QUERERES alcancei
Sempre fui compreendida
Ser rejeitada …nunca fui
Esquecida…não me lembro
Lágrimas…ouvi dizer que são salgadas
Derrotas… isso é coisa que não conheço
Feridas…não senti
Traições…isso existe?
Falta de horizontes...isso quer dizer o quê?
Temores…nem sei bem o que isso é
Todos os dias acordo viva…e gosto de mim
Cada riso, cada gargalhada…é sentida
Sempre tive fartura
Caminhos a seguir
Gente à minha volta dando o melhor de si
Sempre tive braços abertos à minha espera
De solidão nada sei
Sempre fui recompensada de algum esforço feito por mim
Mistérios, mentiras, evasivas e enigmas…não dei pela presença
Tenho confiança e muitas certezas
Sempre tive como resposta o SIM
Gosto de estar Viva

(agora vou guardar este escrito para todos os dias ler…e poder pensar que tudo isto é verdade)


sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Centro..."CHEGADAS" e "PARTIDAS"

4 da tarde, sol ameno e bonacheirão bate no telheiro da Roda Expresso
Brisa suave que promete para a noite humidade
Eu sentada num banco, companheiro cigarro na mão em amena conversa com a brisa
De canadianas nas mãos um ALGUÉM junto a mim passa, levanto os olhos dos rabiscos, o ALGUÉM continua seu caminho…a caneta faz seus rabiscos
Na minha frente outro ALGUÉM, lê o jornal pelo canto do olho vê olha quem passa, TAL e QUAL quem vê caminhos sem olhar.
Ao meu lado uma jovem petisca uma sandes com cheiro a um frito qualquer mastigado com alface.
Trincadinhas subtis, próprias de quem está de dieta…da vida talvez
Bem no meio dos meus pés, um pombo de papo cheio de si debica ali mesmo migalhas com sabedoria e conhecimento.
Olho o relógio – está quase na hora – agarro o saco e mudo de pouso
Sento-me junto da placa LINHA 5 /VIATURA 42
E volto a olhar…e volto a ver
Um ALGUÉM de mãos na cintura, com fralda da camisa de fora percorre o corredor devagar, lentamente próprio de quem espera aquilo que já demora.
Um autocarro (gosto mais de camioneta) chega.
Pessoas descem, com caras amachucadas mas muito Irrequietas, algumas despenteadas, umas quantas com olhos de Curiosidade que se lia Espanto e outras com muita pressa…
Todos me fizeram lembrar o despertar de um sono UTERINO
Brancos, Negros, Chineses, Ciganos, Brasileiros e até de Leste todos dentro das mesmas paredes.
Minha Lisboa é assim, tudo é igual a uma MEGA misturadora.
Casal novo para junto da placa, dois ALGUÉNS que respiram o mesmo ar de químico que compõe a paixão.
Nas mãos dela um ramo de flores. Para oferecer? Oferta de quem fica para quem parte? É pergunta que fica no ar
Uma ALGUÉM passa, amarrota um papel qualquer e atira ao chão
Com sorriso amargo pensei, quantos ALGUÉNS terá ela amarrotado e quantos ALGUÉNS a terão deitado ao chão
Na ponta do meu banco um jovem negro estilo “Hi man” sorve uma tablete de chocolate
Logo ao lado uma mãe e filho devoram pipocas arrumadas dentro de um balde.
Muitos ALGUÉNS, puxam malas com rodas, TODOS para TODAS as direcções
Novos ou velhos com seus caminhos comprados…
Está na hora…mostrei o bilhete…entrei LUGAR 7 … estava ocupado
Sorrio com o bocadinho de papel na mão e :
- Viva boa-tarde alguma coisa correu mal
- Estou no seu lugar, saio já – respondeu o homem acomodado no banco de fora sem me dar tempo a mais nada
- Sem os óculos não vejo nada – afirmou a mulher já de revista alojada no colo com pagina marcada
Esticou o bilhete para mim – veja lá
- Deixe cá ver – sacana digo mentalmente – pois …é o ligar 23
- E…é tão lá para traz – insinuou vagar o banco
- A mim não me incomoda em nada
- Não eu vou lá para traz, eu é que não vejo nada sem os óculos
- Pois claro isso acontece muito - respondi com um sorriso arrevesado que acompanhava a resposta silenciosa – cabra não vez sem os óculos e lês a revista
Fiquei a lembrar todos aqueles que ocupam as vidas alheias de formas tão diferentes mas sempre TÃO SEM INTENÇÃO
Sorrio deliciada, já com o olhar a beijar a minha Lisboa, traquina, irrequieta e ladina.
Num AGORA tão rica
Num DEPOIS tão paupérrima
E fico bem ao entrar numa das suas saídas.
5 da tarde, caminhos comprados na carteira
Rolam pneus nas estradas dos caminhos da vida
E agora digam lá que a VIDA não é igual a um centro de CHEGADAS e PARTIDAS



segunda-feira, 15 de setembro de 2008

TU...não tens culpa

Nos olhos TE olho…e digo sorrindo
Lágrimas… sorrisos
Dores…lamentos
Ganhos…percas
Vitórias…derrotas
E até perguntas…respostas
TU não tens culpa
A escolha foi sempre minha
A certa, a errada e… a nem por isso
Consequências não as temo…
Eu ando por aqui
Consequências eu assumo sem MEDOS…
Eu ando por aqui
Quando dos momentos menos bons eu procurei respostas e porquês…
TU sabes…nunca foi de dedo apontado para ti
Se na mente mantenho as conquistas…
TU sabes…é apenas para sorrir à vida
Por isso…de nada te culpo
Trago-te no peito mas de TI não tenho saudades
PASSADO…Contigo estou em paz
PASSADO sem ti não sou nada
Por tudo isto te digo
- PASSADO muito obrigada

sábado, 13 de setembro de 2008

CAPA

CAPA que tem o peso da caminhada de uma vida
Esta CAPA que fiz minha…e agora não quero mais
CAPA que de esfarrapada começa a ser um estorvo
Esta CAPA que adoptei…e agora está a mais
Julguei esconder, minhas lágrimas doridas
Acreditei que nesta CAPA eu escondia meus medos
Hoje olho para a minha CAPA…rota e esfarelada
A passos largos chega a hora da escolha
Nesta CAPA me escondi
Acreditei que debaixo dela…minha alma que nasceu velha
Podia ser feliz
Hoje minha alma me condena…por tanto mal que lhe fiz
Cada chuva que a CAPA apanhou…ficou molhada
Minha alma…ficou enregelada
A CAPA por comprida ser…no chão arrastar
Cada pisadela que a capa tem marcada
Minha alma…ficou esmagada
Puxei o capuz até os olhos tapar…convencida que assim não via o que não queria
Por cada pôr-do-sol que tapei com o capuz…minha alma grita
Hoje a CAPA tem buracos
Chego a pensar que minha alma os fez
Acredito que queria espreitar e poder respirar
Mas é difícil tirar a CAPA…como fazê-lo
Faz parte de mim
Igual à minha alma
Com a CAPA sou guerreira sobrevivente…cansada e ferida…mas guerreira
Desnudar minha alma…
Eu sei que facilmente é vencida
Sobreviver já é um fardo
Mas… tenho que proteger esta ingenuidade teimosa que é minha alma
Mas…tenho que defender esta relíquia...o melhor que tenho que é minha alma
Não posso permitir que minha alma seja destruída
A CAPA está rota e cansada como eu
Mas a CAPA é indestrutível

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Meia dúzia de Porquês...2


Para manter a mente ocupada por motivos que agora não vêem ao caso, tenho observado comportamentos humanos e sociais que me intrigam…quase a roçar a fronteira da preocupação

1. Fico sempre confusa ao visitar alguém doente num hospital e, deparo com outra visita a fazer uma lista completa e detalhada de problemas sórdidos ou queixas de dores nas costas, na cabeça, exames médicos para aqui outros para ali…mentalmente sempre penso é pena que não lhe doía a língua.
Será…que uma é questão de distrair o(a) internado(a) das suas maleitas?
2. Digo sempre – PORRRRA – em surdina, quando testemunho o cumprimento de dois homens que não se vêem há tempo considerável.
De palmas de mãos bem abertas, dão palmadas mais do que sonoras nas costas um do outro, que chega-se a ouvir o estremecer dos pulmões
Será…que quanto maior for o intervalo sem se verem maior é a força aplicada nas palmadas???
3. Fico sempre anémica dos neurónios quando uma jovem ou senhora de mini - - saia vestida, quando sentada ou a subir umas escadas esforça-se por esticar o tecido até aos joelhos
Será…porque se sente desconfortável?
Ora gaita assim fico com dois problemas por resolver, se assim for tenho que perguntar então porque vestem a saia? Estranho!!!
4. Tenho sempre vontade de rir e, por norma sou forçada a afastar-me quando numa refeição social qualquer, é-me dado a observar duas pessoas a conversarem e uma delas ter um bocadinho de alface ou salsa nos dentes…a segunda nada diz mas não consegue desviar o olhar…É muito engraçado
Será…que é por ser bem educada???
5. Quando dois deficientes da fala conversam com a sua Língua Universal – gestual, a maioria dos presentes falantes, fixam hipnoticamente todos os movimentos das mãos dos intervenientes.
Será…que nunca lhes foi dito que é muito feio ouvir as conversas dos outros???
6. Dou sempre sonoras gargalhadas quando parada num semáforo, olho para o lado e…temos limpeza rápida porém muito profunda…de nariz.
A pessoa em questão faz sempre um olhar acusatório para mim, nunca entendi porquê
Será…que estão convencidos que do exterior não se vê o que se passa no carro???


quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Toma... enganei-te

Vinha eu a subir a rua toda lampeira em passo apressado como de atrasada já vinha
- Quase horas do almoço e ainda por fazer que fixe…- pensei enquanto olhava para o relógio
De relance olhei para a janela
- Boa…e a roupa por apanhar – voltei a pensar
Franzi o sobrolho
- Hammm que é aquilo? – perguntei mentalmente enquanto esforçava a vista – um corvo à porta ? Hammm ?
Que figura tão dramática, uma mulher toda de escuro…um escuro gélido…tão gélido que até me arrepiei
- Eu não acredito…eu estou a ver bem? – comentei baixinho comigo mesma – oh…oh esta gaja. Mas que chatice…raios partam isto…logo esta tipa que é uma carraça
Rapidamente planeei uma estratégia enquanto me aproximava já com a chave do prédio na mão
- Bom dia – cumprimentei sorrindo – dá-me licença?
- Bom dia como está – estendeu a mão – é a Elisabete?
Espera lá que já te lixo, estendi a mão retribuindo com um grande sorriso
- Não, não essa era a dona da casa que comprei aqui
- Ai minha senhora até impressiona… – recomeçou o estupor
- O quê posso saber? – perguntei com voz de quem nada sabe
- É igualzinha a ela, até faz impressão – explicou fungando do nariz
- Pois dizem que sim … mas sabe a casa foi comprada por imobiliária – vai-te ó mau agoiro pensei fazendo mentalmente cruzes com os dedos e continuei – de forma que nunca conheci a senhora
- Sabe já conheço a Elisabete há muito ano e gostava de a ver - disse enquanto abria um lenço
- Pois acredito mas nada posso fazer cara senhora – eu sempre sorrindo
- Nem com o telefone ficou ? – insistiu o estorvo
- Pois … se quer saber nem nunca o tive foi tudo feito pela imobiliária – reparei que não tirava os olhos de mim com o brilho de quem está desconfiado – compreenda por muito que eu queira ser útil… - finalmente a bicha fedorenta desviou-se da porta
- Ai credo nem estou em mim com as parecenças – e voltou a fixar-me
- Bem minha senhora não leve a mal mas vou fechar a porta – porra que a gaja é praga de má sorte – tenho o almoço atrasado
- Pois sendo assim vou andando – voltou a fungar com os olhos a lacrimejar – se não for incomodo eu deixava o meu cartão com os meus contactos – disse enquanto estendia um cartão meio que húmido
Continuei a desempenhar o meu papel
- Claro – estendi a mão enquanto lançava os olhos e lia sorrateiramente
desilusõesmagoadas@hotmail.com
desesperoemlágrimas@gmail.com
- Desculpe a maçada sim? – insistia o emplastre
- De maneira nenhuma foi um gosto – respondi a fechar a porta de…va…ga…ri…nho
Comecei a subir as escadas rapidinho enquanto pensava feliz comigo
- Que fixe…g’anda pinta …consegui enganar a TRISTEZA