sábado, 28 de junho de 2008

Visita inesperada

7h30 da manhã
A hora ideal de enganar o sol para esconder minha pele aos seus beijos pecaminosos
Bebia café na varanda e olhava o horizonte que acalmava e amainava os meus medos
- Bom dia – ouvi
Lancei os olhos
- Bom dia miúda – insistiu
- Ai a merda temos brincadeiras de mau gosto? – pensei – ainda por cima a esta hora mas que F…
- Sempre com mau feitio, és sempre a mesma com a resposta na ponta da língua nesse ar de menina travessa – acrescentou
De cima da minha janela espreitei para a porta e lá estava ela…
- Eu não acredito SOLIDÂO por aqui…há quanto tempo…sobe amiga sobe
Subiu sem pressas e segura, abri a porta para traz
- Que boa visita – dei-lhe um abraço
- Estás uma mulher – deu-me aquele beijo quente num arrepio que só a minha amiga SOLIDÃO sabe dar – a VIDA contou-me que tens andado muito sozinha resolvi por uns tempos fazer-te companhia
Nervosamente gargalhei (nunca gostei de fofoquices)
- Nem tanto apenas arreliada– mudei de assunto – vai um café?
- Não miúda ainda é muito cedo para mim
Sentadas na varanda ficamos à espera de quem começava primeiro
- Conta-me amiga por onde tens andado – comecei
- Muito perto
- Não te tenho visto – disfarcei
- Mas tens sentido – sempre sincera
- Na verdade… – fiquei atrapalhada
- Que se passa contigo ?
- Amiga tenho tido problemas com os meus vizinhos aqui de baixo são o C… de um casal que vivem para F…a minha cabeça o Sr. Medo e a Sr. Espera
- Hummm
- Ok ok. Amiga melhor que ninguém tu sabes que a Espera, sempre foi coisa que eu nunca tolerei, eu sou lá pessoa para ficar de braços cruzados, sem agir.
A Espera, faz-me ficar nervosa e claro o Sr. Medo não se faz esperar, esperto como é aproveita.
- Hummm entendo, já ligaste para o Acreditar? Ele como advogado pode ajudar
- Não tenho o número
- confioemmim@gmail.com este é o e.mail
- Boa… Solidão – sorri
- Vou dar-te também o e.mail da Certeza…ora…- procurou na agenda – cá está possoeconsigo@gmail.com
- Nãoooo estás no gozo comigo – comecei a ficar divertida
- Ahhhh espera tenho aqui também da Garra – com sorriso sacana acrescentou – esta gaja é indispensável nos casos difíceis amarcomforça@gmail.com e pronto amiga vai correr tudo bem.
- Solidão já me fazias falta, sei que tenho sido um pouco leviana contigo
- Pois … pois
- Que queres eu tinha que estar um pouco sozinha para crescer certo?
- Pois…pois mas nem te lembras-te que eu a tua velha amiga Solidão podia estar com saudades tuas e sentir-me abandonada
- Desculpa amiga
Ali, ficamos abraçadas a olhar o horizonte, recordando e rindo como quem não tem hora marcada Agora aliviada pois sabia que amparada na GARRA da minha CERTEZA eu já podia ACREDITAR numa VITÓRIA

terça-feira, 24 de junho de 2008

Óhhhhhh tu...VIDA

- Psssst… óh tu…psssst…olha…psssst…óh pá espera ai…psssst…psssst
Porra estava haver que passavas e não falavas comigo, porra que até estou cansada
XIÇA
Ora bem agora nós as duas, não comeces a olhar de lado que isso comigo não pega boa amiga
Agora olhos nos olhos e sem rodeios que a conversa comigo é outra
Vou ser curta e grossa, é contigo é… VIDA
Não achas que me deves uma explicação?
Não achas que já é tempo de me pagares o que deves?
Não achas que o teu sentido de humor mórbido está a cansar?
Que história é essa de me ameaçares tirares o que me resta
Que história é essa de exigires que eu seja tolerante, compreensiva, solidária, lutadora e depois – toma lá nada que eu não te engano
Que história é essa de me virares os dias de cabeça para baixo e ficares a ver-me agarrada ao tecto para não cair?
Então VIDA, estou à espera…onde está a resposta
Olha lá VIDA, já esqueceste que eu sou aquela que era suposto morrer antes de nascer?
Até parece que já esqueceste que em tempos passados a morte foi a minha amiga esperada?
Olha lá VIDA, já esqueceste que eu sou aquela que acorda com raiva por estar viva?
Até parece que já esqueceste que em tempos passados a fome era a minha fartura?
Olha lá VIDA, já esqueceste que eu sou aquela que tudo larguei para numa cabeceira ficar acordada, cantando baladas para a morte afugentar?
Até parece que já esqueceste que foram 20 anos de silêncio doridamente chorados
E como não quer nada vens lampeira ameaçar-me arrancar aquilo para que eu vivo?
Deves de estar a gozar comigo…ahhhhh já sei deves de estar a contar que vou ser estúpida para te fazer o jeito, és tão ingénua…
VIDA escuta o que te digo existe uma coisa, que se chama QUERER que nunca me traiu
VIDA ouve o que te digo existe um sentir, que se chama ACREDITAR que nunca me mentiu
VIDA toma tento no que digo existe um verbo, que se chama AMAR que nunca me virou costas
Por isso VIDA, não voltes a ameaçar-me que a coisa vai correr mal para o teu lado
VIDA, sei muito bem que o dia está a chegar, o tal dia que julgavas eu temer no entanto munida daquilo que eu QUERO ACREDITAR porque AMO, esse dia vai ser a prova que podes ser vencida.
VIDA escuta bem, muitas vezes me venceste…ahhhh mas outras tantas eu QUIS e ACREDITEI na força do meu AMOR e como troféu conquistei o poder da ESCOLHA
VIDA escuta bem, eu QUERO essa vitória e ACREDITO na força da minha ESCOLHA alimentada pelo meu AMOR a conquista do RENASCER vai brilhar nesta casa.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Bolo VIDA




Receita BOLO VIVER
300 gr Humor
250 gr Sorrisos
250 gr Acreditar
1 pacote inteiro de Realidade
1 pacote inteiro de Compreensão
1 pacote inteiro de Dedicação
125 ml Lágrimas
1 folha de Silêncio

ABRIR O BOLO
1 faca com lamina afiada e certeira do tamanho necessário

RECHEIO
½ chávena de sopa de Sonho
½ chávena de sopa de Brio ( na falta Orgulho )
1 colher de sopa de Teimosia

COBERTURA
Paciência para cobrir

Junta-se HUMOR com ACREDITAR, até ficar homogéneo acrescenta-se os SORRISOS frescos e batidos em castelo de forma a ficar bem consistente
Acrescenta-se o pacote de REALIDADE (para não desandar)
Depois os pacotes COMPREENSÃO e DEDICAÇÃO, verificar se nas embalagens não ficou nenhum resto (é necessário sacudir bem pois qualquer bocadinho faz a diferença) Ahhhhhh já esquecia, como as embalagens são tão resistentes aproveite para reciclar pois fazem sempre jeito para outros afins.
Lentamente acrescenta-se as 125 ml de LÁGRIMAS até ficar uma pasta (dependendo das marcas dos SORRISOS e HUMOR por vezes não é necessário tanto liquido)
Com movimentos seguros contudo suavemente envolve-se todos os ingredientes
Forra-se uma forma a gosto com a folha de SILÊNCIO (atenção – que seja resistente)
Dependendo do forno a 180 ou 200 Gº vai a cozer durante 30 a 45 minutos (este bolo coze mais rápido do que parece)

O recheio é muito fácil de fazer é só juntar as ½ chávenas (basta tamanho pequeno pois são ingredientes muito fortes e o bolo fica enjoativo)
Começar pelo SONHO e juntar o BRIO (como é um ingrediente refinado por isso difícil de encontrar, se tiver no armário ORGULHO também serve, desde que seja em pó pois em grão vai…alterar o sabor)
Quando deitar a TEIMOSIA verifique se não tem grumos, se for o caso substitua por PERSISTENCIA

O bolo cozido, facilmente se desenforma, com uma faca afiada corta-se ao meio em sentido horizontal, de forma certeira sem esfarelar demais, ficando 2 metades.
Delicadamente cobre com o recheio a parte escolhida, por fim de forma segura coloca-se a segunda parte em cima
Finalmente cobre-se na totalidade com a PACIENCIA, não receie exagerar ponha bastante pois este ingrediente com as horas vai ser absorvido pelo bolo.
Se tiver que esperar para ser servido, vá pondo mais PACIENCIA para que ao servir a cobertura esteja ainda crocante.
Sirva acompanhado do licor Saber Viver (que dá aquele gostinho especial) ou com espumante Garra de Vida bastante fresco e vai ver que é sucesso garantido
Bom apetite e divirta-se

terça-feira, 17 de junho de 2008

O que escrevo

Foi-me perguntado se andei a beber café com Fernando Pessoa ou com Luis Vaz de Camões
Nomes são palavras... palavras sons que o vento leva
O que escrevo... cartas com destino amachucado e rasgado com bilhete sem volta tirado numa estação de nome caixote
O que escrevo... será para alguem gostar?.. ou eu me deliciar ao ouvir que gosta?
O que escrevo... serão gritos calados ou silencios gritados?
O que escrevo...serão lagrimas sorridentes ou sorrisos chorados ?
O que escrevo...serão sonhos encravados na ilusão de serem meus ou desejos meus já a muito esquecidos?
O que escrevo... serão verdades mentirosas ou mentiras verdadeiras?
Não amiga
O que escrevo...não é mais que uma brincadeira de trocadilhos e jogos maliciosos e muito perversos da arte DO SENTIR
O que escrevo...são conversas feitas numa tarde soalheira, numa esplanada qualquer, bebo um café e por companhia lá está ela ( sempre tão presente ) amena mas muito festiva vou trocando ideias com a vida

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Sem titulo

Não me peças pena
Não me peças compreensão
Amar não é isso…não agora lamento
Tenho conforto para te dar
Minha mão está estendida e aberta
Meus olhos…ahhhh meus olhos por ti choram sorrisos
Tenho a minha força
Força que a toda a hora nasce por ti…ahhhh e a ti a entrego mesmo que de seguida eu caía estatelada
Homem meu, temos este Hoje, levanta essa cabeça.
Levanta os olhos para a VIDA e com um sorriso acredita, não temas que assim como eu ELA está contigo
Tenho o meu acreditar
Acreditar esse que nasce em cada beijo que te dou, como se fosse um sopro de cura que sara as tuas entranhas.
Homem meu, temos este HOJE, abre os braços.
Abre o peito à VIDA e mesmo que doía não temas e acredita que com garra o AMANHÃ ainda vai ser dos dois
Não me peças pena
Não me peças compreensão
Amar não é isso…não agora lamento
Não vou permitir que o teu cansaço derrube o meu querer
Não vou deixar que o teu medo vença a minha verdade
Neste AGORA, neste HOJE precisas que te abane, que te grite com todas as minhas forças que no teu medo, no teu sofrer não estás sozinho
Meu homem, meu amor não abras mão de ti
Meu homem, meu amor a ti quero ao meu lado
Meu homem, meu amor de ti eu não desisto
Meu homem, meu amor a minha verdade é amar-te

quarta-feira, 11 de junho de 2008

SILÊNCIO

São 3.45H
Noite fria esta, até fez esquecer o Sol que aqueceu o dia.
SILÊNCIO o meu grande companheiro de horas azedas e zangadas
Penso e repenso palavras que ouvi, olhares que li ou senti e pensamentos que adivinhei.
Gosto da noite por isto, este silêncio agrada-me, este escuro é como se fosse a minha gruta, o meu esconderijo. Será que me escondo? De quem dos outros? Nãoooooo
Que mal me podem fazer …apenas coisas próprias de quem esta vivo
Fazer rir, fazer chorar, prejudicar, ajudar, consolar, iludir, acarinhar, mentir…ora ora grande coisa
Provavelmente escondo-me de mim…
Falo para o silêncio e ele sempre silencioso ouve-me todas as vezes como se fosse a primeira.
Isto irrita-me aquela postura de quem tudo sabe de forma paternal ou maternal…ou coisa do género.
Depois começo a ficar danada e quando já estou zangada digo em tom sarcástico
- Obrigadinho por nada dizeres ou fazeres com a tua Omnipotência e Sabedoria era de esperar um pouco mais de atitude, uma solução ou outra… dá sempre jeito certo? È que para espectadora estou cá eu…
Sabes silêncio há quem te chame Deus, quem te chame Fé outros Esperança ou outra coisa qualquer
Eu chamo-te Silencio
Pelo menos é uma palavra que sei o significado, que o sinto.
As outras são palavras interpretadas, frutos de historias verdadeiras ou não que certeza posso eu ter? Eu não estava lá não vi…
No entanto eu sei que existes, eu sou prova viva disso mas que raiva que me dá quando olho a minha volta queres que sejamos torturados, crucificados como reza a história.
Peço perdão estou confusa, baralhada e neste AGORA estou zangada, tu conheces-me sabes que nestes momentos dou tiros no escuro...perdoa-me
Mas que queres tu sabes que não pertenço ao grupo da resignação mentirosa
Se estou zangada não te escondo, se estou confusa não vou dizer amens a tudo
No fim de contas TU é que és o Magnânime e a Compaixão
...Perdoa-me tu não mereces que eu seja irónica, tens sido um grande e fiel amigo, eu sei que tenho que te ouvir mais.
...Espera será que o medo da saída do passado e a chegada deste presente tão inesperado que fez nascer este medo, esta incerteza - para onde e por onde vou
Está a tolher-me os sentidos …é isso?
Esta insegurança está a desconcertar o meu interior.
É isso Silêncio? Basta confiar ?
Pronto...estás a ver...é por isso que gosto de falar contigo, nas tuas respostas silenciosas...consigo ouvir a TUA... minha voz.
SILÊNCIO obrigado por teres falado comigo.

domingo, 8 de junho de 2008

Isto sou eu

Rio selvagem chicoteando com cascatas… oceano prateado conversando com a lua
Jangada com remos partidos… caravela amante misteriosa dos mares
Palhaço que chora… circo multicores
Lua que embala o dia… sol que beija a noite num despertar
Punho que se fecha com medo de ser vencido…mão estendida mesmo a jeito de agarrar
Verdade mentirosa… mentira verdadeira
Grito calado num sorriso chorado
Mulher que vende prazer…na esperança de ser amada
Terra queimada…flor bailarina dançando ao vento
Resposta certa à pergunta errada
Bicho que ferra… santo remédio
Sonho real… realidade sonhada
Promessa falsa… falsidade prometida
Oração decorada…fé sentida
Cordilheira omnipotente… montanha vaidosa... serra envergonhada
Fenómeno descoberto…mistério escondido
Pensamento escondido… esconderijo para pensar
Mesa vazia… fartura de amor
Hora atroz…momento vivido
Dia fatal…sentimento nascido
Desenho torcido… arte começada
Artista esquecido…contrato conseguido
Monte de cinzas…Fénix renascida
Tudo isto é meu nome
Tudo isto sou eu

terça-feira, 3 de junho de 2008

Sem titulo...sem ilustração

Nos últimos tempos evadiste o meu pensamento, e num rasgar dorido somente hoje abro meu peito ferido
Somente hoje me permito chorar-te com lágrimas secas e mãos cerradas
Com um sorriso faço por compreender e aceitar este lembrar que ainda me faz doer
Foste aquela com andar bamboleante rias da vida
O sol com beijos pintava de azul, preto e comprido o teu cabelo
Roupas vistosas vestiam a tua silhueta, cintura fina, coxa roliça e na tua gargalhada desafiavas os homens ao ditarem cortejos
Um xaile escondia as tuas penas e te fazia companhia no Fado cantado com a tua voz de cotovia
Foste aquela que vendeu prazer com o corpo…toda a sua vida
A ti não culpo
Ainda eras uma menina
Largaram-te num caminho apenas com volta … não tinha saída
Volta essa que o assumir sempre recusaste
Os fantasmas das caras familiares e os olhares conhecidos sempre te assustaram
Depois… quando escolhas podias fazer … para ti era tarde
Naquela conversa de mulheres, com olhos dignos me disseste que estavas contaminada do vício do dinheiro fácil.
Na minha raiva aprendi a aceitar-te
Naquela conversa de mulheres e com olhos verdadeiros me disseste que nunca me desejaste
Na minha vergonha aprendi a respeitar – te
Toda a tua história por ti eu lamento
Na tua alegria estonteante sei que no fim dos clientes fecharem a porta era a solidão que te abraçava
Toda a tua história por ti choro
No teu Fado de paixões amargas cantavas a garra de quem quer ser amada
Mãe serás sempre aquela miragem que eu vejo no espelho em cada manhã
Mãe quero rir como tu, quero trazer dentro de mim essa sede de vida
Mãe quero para mim a mesma vaidade e sem pudor algum mostrar a minha natureza de mulher
Mas mãe não quero para mim esse xaile que tapava as tuas penas e com ele escondias o teu Fado (destino) cruel