domingo, 27 de abril de 2008

Mas que chatice


Mas que chatice eu aqui a olhar para o branco do papel e falta-me o começo
Tenho o meu SENTIR lotado de sentimentos e aqui fico a olhar para o papel que mais pareço uma barata tonta.
É nestas horas que eu gostava de ter o dom de escrever.
Brinco tanto a fazer exercícios de troca de palavras e significados mas para falar daquilo que é o mais simples e natural empaco que nem uma mula teimosa
Como raio se falo do AMOR?
O que escrever de alguém que nos dá o arrepio de frio trazendo calor como a agua de um rio.
Que palavras escrever de alguém que é aquela sede que mata trazendo o prazer de sentir o fresco da agua na boca.
Que verbos aplicar a alguém que sufocando dá-me o ar que respiro
Quais os adjectivos a utilizar nele que despreocupadamente me preocupa
Que frases construir dele que é aquela lágrima que traz o sorriso
Onde pôr as virgulas quando ele faz a dor de um bicho que ferra trazendo o remédio
Quando sei eu que uma oração esta correctamente construída se o meu SENTIR não faz sentido algum
Sei que amo na saudade que sinto dos defeitos dele
Sei que amo na necessidade que tenho de o ver completo
Sei que amo na verdade desta amarra a que gosto de estar presa
Sei que amo na lágrima que choro com ele
Sei que amo neste amor até doer
Palavras? Verbos? Adjectivos? Virgulas? Frases?
É só gramática
Sentimentos não se escrevem apenas se sente
Em pleno como um mar possante de tanta pujança o AMOR esta vivo no meu SENTIR
Como eu lamento não saber escrever sobre o amor!...



quinta-feira, 24 de abril de 2008

Obrigada Vida


São 21h01 de um dia qualquer deste mês de Abril e não tarda nada 2 tremoços 5 tostões estou deitada.
Cansaço saboroso que delicia os meus músculos
Vazio na cabeça sem nada pensar
Peso nos olhos que me faz a promessa de um sono preenchido
Lábios cansados de sorrir ao longo do dia com emoções que acarinharam este meu lembrar
Este dia bonito, tão cheio de vitórias futuras que quando respiro os meus pulmões deitam o bafo aquecido pelo calor da conquista merecida
Com lamento me despeço deste SENTIR tão gostosamente arrebatador
Vou dormir e teimosamente manter este sorriso próprio de quem prova um doce muito especial.
Despeço-me deste dia já com aquela saudade na lembrança que me faz sempre acreditar que eu até sou especial
Como uma criança a esfregar os olhos já em pijama eu também digo:
- Boa noite dia até amanhã mundo obrigado vida

domingo, 13 de abril de 2008

Maço de cigarro



São 20 cigarros
- Faz mal – há quem diga
Dizem outros - descontrai
- É incómodo - alguns queixam-se
No entanto pensando bem uma vez ou outra, também eu provavelmente terei sido incomoda, tenha feito mal... e porque não dado uma contribuição para descontrair à minha volta (se calhar em 20 vidas com que cruzei)
Abrimos o maço uns com a rapidez com que passam pela vida, outros quase a medo como se estivessem a esconder algo e ainda os que o fazem como um ritual divertido.
Eu pertenço aos últimos é assim que gosto de passar pela vida e que ela passe por mim… de forma divertida.
Por vezes roçando a fronteira do anedótico.
Se olharmos com atenção 3 formas existem de abrir a prata.
Os primeiros rasgam milimetricamente metade da prata.
Só mostram metade? Por medo? Por vergonha? Por timidez? Ou porque nem conhecem a outra metade deles próprios?
Depois temos o grupo que com habilidade cuidadosa descolam a prata para numa tentativa higiénica manterem sempre o maço – quase fechado…escondido talvez …e o mais divertido entre estes ainda temos uma minoria que acrescenta o pormenor de retirar todo o miolo – prata e cigarros – e voltarem a encaixar na perfeição dentro do pacote ficando assim os cigarros de cabeça para baixo – e note-se tudo isto numa rapidez acrobaticamente …perfeita
Agora pergunto será desta forma que olham para o mundo – de pernas para o ar?
E por fim o meu grupo rasgamos a prata sem pudor algum, na totalidade (doía o que doer a quem quer que seja a vida é isto magoar e ser magoado)
Começa propriamente o acto em si
Puxasse um cigarro e…outra constatação
Temos os que simplesmente o põe na boca e acendem sem qualquer prazer
(sempre que o vejo penso que é alguém para quem a vida não tem sabor é somente um conjunto de hábitos, costumes e regras).
Seguem-se os que acendem sempre com a mão a tapar (novamente a esconder)
Finalmente o meu grupo primeiro brincamos com o cigarro, se estamos acompanhados conversamos um bocado com ele nas mãos como que a dar a oportunidade da outra pessoa dizer
– Incomoda-me…
Depois como por magia ele aparece aceso (sem modéstia alguma o meu grupo é muito engraçado).
A seguir vem o acto propriamente dito – FUMAR
Temos as puxadas nervosas ( curtas rápidas e concisas ) seguidas de um fumo estupidamente acre e volumoso ( devem ser os deprimidos… )
Temos as puxadas longas ficando no ar o fumo em forma de labirinto assustadoramente compacto (haja pulmões).
Do meu ponto de vista é um aterrador
Por ultimo o meu grupo a primeira puxada é sempre mais longa seguida de um sorriso depois o fumo é sempre atirado para baixo...não queremos incomodar...claro está.
Chegou a beata...agora sim é a parte que mais gosto...é fantástico não falha
Os que estão sempre com pressa durante todo este processo, apagam esmagando o feltro por vezes até se queimam tal é a raiva
Os que desde o inicio escondem (mais parecem gato escondido com o rabo de fora) fica sempre uma chaminé de fumo a arder (pergunto de mim para mim era isto que estava a esconder?)
Nós os despudorados, apagamos a beata e com ela entre os dedos juntamos a cinza toda num montinho ficando o cinzeiro limpinho...até parece que temos gozo em provocar
Porquê? Sei lá... sei apenas que o fazemos...o meu sentir nesse momento é sempre de uma satisfação magoada...estranho
No fim do maço estar vazio que fazemos todos? Amarrotamos e deitamos fora. Igualzinho ao que fazemos e nos fazem pela vida fora.
Somos ou não como um maço de cigarros?