terça-feira, 12 de maio de 2009

FOLHA BRANCA

Papel branco, caneta na mão
Nada escrevo
Nada sinto
Dentro de mim olho
Tudo é vazio
Tento escrever as linhas do meu Destino
Mas…não sou DEUS
Escrever o quê???
Estar viva???
Oras gaita, logo eu que desprezo a vida!
Feitas as contas nunca falámos a mesma língua
Comigo ela troça…e eu…rio dela
Escrever o quê??? Os “Outros”…???
Oras c’um raio…cada um nas suas entrelinhas
Sou um momento no tempo de cada “um”
E cada “um” tem um tempo no meu momento
Escrever o quê???
O “Ontem”???
Ahhhh pois claro… faz toda a diferença no Hoje
Escrever cicatrizes que fiz, as marcas cravadas que tenho
As pegadas empedradas que deixei e os trilhos que nunca encontrei
Depois para ficar mais bonitinho, escrevo de amores desencontrados no tempo certo
Acrescento audaciosamente com malícia as necessidades de corpos e fluidos que se descobriram
Esta equação fica sempre poética
Escrever o quê???
O “Amanhã”???
O “A…ma…nhã”…pois o “amanhã”
É capaz de ficar engraçadinho escrever promessas eternas a mim mesma
Em tom acusatório de quem tem dor de magoa
Pelo meio fazer umas frases meio entusiastas ao pôr de sol, ponho uns passarinhos aqui…umas borboletas ali e umas florinhas pelo meio até não fica nada mal
Passo de raspão pelo PERDOAR
Recito uns quantos tempos do verbo AMAR
Dou um lamiré para um recomeço qualquer para terminar
Assim fica preenchida a folha branca
É fácil e certeiro…não tem erro
Escrever o quê???
Quando CAMINHO é nenhum
O HORIZONTE deixou de estar
E o SENTIR apenas ficou vazio
Igual a um abismo em que o NADA É REI

1 comentário:

Unknown disse...

Puxa escrever para quê? interroga-se você? Pois eu acho que quem assim escreve deveria por muitos e longos anos viver para continuar a todos nós surpreender (pela positiva claro) com a sua tão sublime e erudita escrita.
Parabéns a si ilustre poetiza Elisabete Luis Fialho!

Mil beijinhos de amizade e grande admiração.