quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Toma... enganei-te

Vinha eu a subir a rua toda lampeira em passo apressado como de atrasada já vinha
- Quase horas do almoço e ainda por fazer que fixe…- pensei enquanto olhava para o relógio
De relance olhei para a janela
- Boa…e a roupa por apanhar – voltei a pensar
Franzi o sobrolho
- Hammm que é aquilo? – perguntei mentalmente enquanto esforçava a vista – um corvo à porta ? Hammm ?
Que figura tão dramática, uma mulher toda de escuro…um escuro gélido…tão gélido que até me arrepiei
- Eu não acredito…eu estou a ver bem? – comentei baixinho comigo mesma – oh…oh esta gaja. Mas que chatice…raios partam isto…logo esta tipa que é uma carraça
Rapidamente planeei uma estratégia enquanto me aproximava já com a chave do prédio na mão
- Bom dia – cumprimentei sorrindo – dá-me licença?
- Bom dia como está – estendeu a mão – é a Elisabete?
Espera lá que já te lixo, estendi a mão retribuindo com um grande sorriso
- Não, não essa era a dona da casa que comprei aqui
- Ai minha senhora até impressiona… – recomeçou o estupor
- O quê posso saber? – perguntei com voz de quem nada sabe
- É igualzinha a ela, até faz impressão – explicou fungando do nariz
- Pois dizem que sim … mas sabe a casa foi comprada por imobiliária – vai-te ó mau agoiro pensei fazendo mentalmente cruzes com os dedos e continuei – de forma que nunca conheci a senhora
- Sabe já conheço a Elisabete há muito ano e gostava de a ver - disse enquanto abria um lenço
- Pois acredito mas nada posso fazer cara senhora – eu sempre sorrindo
- Nem com o telefone ficou ? – insistiu o estorvo
- Pois … se quer saber nem nunca o tive foi tudo feito pela imobiliária – reparei que não tirava os olhos de mim com o brilho de quem está desconfiado – compreenda por muito que eu queira ser útil… - finalmente a bicha fedorenta desviou-se da porta
- Ai credo nem estou em mim com as parecenças – e voltou a fixar-me
- Bem minha senhora não leve a mal mas vou fechar a porta – porra que a gaja é praga de má sorte – tenho o almoço atrasado
- Pois sendo assim vou andando – voltou a fungar com os olhos a lacrimejar – se não for incomodo eu deixava o meu cartão com os meus contactos – disse enquanto estendia um cartão meio que húmido
Continuei a desempenhar o meu papel
- Claro – estendi a mão enquanto lançava os olhos e lia sorrateiramente
desilusõesmagoadas@hotmail.com
desesperoemlágrimas@gmail.com
- Desculpe a maçada sim? – insistia o emplastre
- De maneira nenhuma foi um gosto – respondi a fechar a porta de…va…ga…ri…nho
Comecei a subir as escadas rapidinho enquanto pensava feliz comigo
- Que fixe…g’anda pinta …consegui enganar a TRISTEZA

10 comentários:

Fernanda disse...

Que bons poetas, somos todos nós...
Sabemos dizer as palavras certas para tirar de nós estes sentimentos...
aprisionamos todos, na tinta imaginária e virtual quando os escrevêmos... e assim... nos ajudamos a enganar todos os que nos fazem menos felizes!!!
Depois contamos uns para os outros e desatamos a rir!!!
Obrigada minha amiga guerreira!
Lição como esta... só aqui!
Um beijo!
IFdA

Cris Medeiros disse...

O chato é que ela sempre volta... rs

Bjs

Fernando Serra disse...

O chato é que ela sempre volta... rs
[2]

Mas então...
Eu acreditei piamente que vc ia dar um pontapé na velhinha... Brincadeira...
Não acreditaria nem acredito que alguem seja capaz disso!

Mas então...
A tristeza é só uma emoção gostos a(e pesarosa!), que quando vai embora nos fortalece mais ainda!
Espero não ter que encontrá-la de novo!

Bjitos

O Profeta disse...

Tiveste o condão de me fazer sorrir...


Doce beijo

Alê Periard disse...

Ora pois! Um pouco complicado ler o português de Portugal, mas vale a pena quando se trata de um texto seu!

Parabéns pelo blog!

Obrigada pela visita!

Alexandra Periard
(Atriz e Escritora)

Desarranjo Sintético disse...

Muito bacana o conto! As vezes precisamos muito disso: enganar a tristeza, ser felizes, hoje, agora, para ontem!

Alegrar-nos, vivermos a beleza das pequenas coisas que são as melhores!

Bjoks.

mundo azul disse...

...enganar a tristeza... Será mesmo?
Muitas vezes, varremos a sujeira pra debaixo do tapete e ficamos convencidos de que fizemos uma boa limpeza...


Adorei seu texto, minha amiga!

Beijos de luz e o meu especial carinho...

Karine Leão disse...

Elisabete,

Enganar a tristeza não é uma tarefa fácil... venho a anos procurando fazer isso!

É muito bom trocar experiências, contigo, querida!

Beijo Karinhoso!

Desarranjo Sintético disse...

Muito obrigado pela visita!

Adorei as palavras!

Um grande beijo!

Deusa Odoyá disse...

Olá minha estimada amiga.
Um belo conto, adore, e parabéns.
Mas amiga, só podemos enganar as tristezas, através das nossas alegrias, do nosso dia a dia com positividades, com a alma sempre muito iluminada fazendo um escudo dentro do nosso ser chamado DEFESAS.
As tristezas, são sempre encontradas a nossa volta, mas vamos transformá-las em puras alegrias.

Beijos amiga, e uma boa semanacom muita paz e amor em seu coração.

Sua amiga do lado de cá.

Regina Coeli.