sexta-feira, 31 de outubro de 2008

As vezes que morri

Encostada no sofá oiço o cantar da chuva embalado pela música do vento
Procuro carinho na manta no seu abraço quente
Fecho os olhos, e vencida as lágrimas rolam
Quantas vezes já morri???
Não me lembro
Quantas vezes renasci???
Talvez não me queira lembrar
Olho para minhas mãos e o que tenho de meu…é tão somente os caixões em que me deito
Vitórias… essas, sorrio sempre com seu sabor tão amargo
Sinto o calor da manta que me enlaça como num feitiço
Penso no DEPOIS…e fecho os olhos
Acho que não quero mais saber de voltar a morrer
Eu sei que vou voltar a nascer SIM
Ahhhh como vou voltar a nascer
Mas esse nascimento que seja para mim eternamente infinito

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Tão cansada...

Jantar feito, loiça lavada na cozinha arrumada.
Casa cheirosa, roupas engomadas.
Momento dos telefonemas aos vizinhos idosos, com a boa noite e saber se está tudo em ordem.
Trabalho de amanhã…já embrulhado…tudo adiantado
A cadela deu a última volta do dia no bairro
Confirmei a tomada do berbequim amigo…desligado
Pijama vestido, cara lavada e pó do vidro tirado.
E agora sozinha tenho o meu momento…finalmente
Ligo o computador…o ecrã fala comigo
Desvio os olhos para nele não me ver
E começo a escrever
Sei que a hora está a chegar
A hora em que não tenho querido pensar
Minha cabeça gira de tão cansada
E amanhã novamente vou ocupá-la
Pensar não quero…
Fico triste e derrotada
O sono invento que já espreita…abro a boca num bocejo provocado…
Fica assim com mais verdade
Olho para a parede…e vejo
Que tudo em breve vai ter que mudar
Conversas caladas
Silêncios em forma de sorrisos
Controlo excessivo
Estou tão cansada…
Acendo um cigarro…uma companhia que me é tão amiga
Estou tão cansada…
De mim? De estar viva?
Sei lá!!!
Sinto que algo em mim já não é mais o mesmo
Sei que algo em mim se transformou…ou simplesmente em mim morreu
Sei que estou desligada, desinteressada e muito afastada
Estou tão cansada
Os dedos carregam no teclado…volta e meia roçam delet
Faz-me lembrar quando rasgava os papéis que escrevia sem destinatário
Puxo uma fumaça, encosto a cabeça
E penso – é melhor deitar-me
Amanhã é um novo recomeço de tudo fazer só… para estar ocupada
Estou tão cansada…


segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Raios partam isto...

Ahhh se eu pudesse gritar este grito surdo em forma de mil ecos
Ahhh se eu pudesse arrancar a mudez que te afunda nessa areia movediça de vazio
Essa desistência mórbida e azeda…não faças isso a nós
Esse cair de armas nesse arrancar de armadura…não faças isso a nós
Não me empurres para um canto…eu de ti não desisto
Não me obrigues a fingir mais ainda…eu de ti não desisto
Nessa dor eu vou estar
Eu estou caramba
Nesse medo eu vou estar
Caramba também está em mim
Não permito nunca que me afastes das tuas lágrimas
Eu estou aqui para enxugar
Não permito nunca…nunca que o silencio que devore em medo
Eu estou aqui e gritos alucinantes por ti dou
Esse ardor no peito que trazes e que te anula
Nem que seja com lágrimas eu o apago
Ouve o que te digo
Tu és tudo o que eu quero para mim
Foste quem eu escolhi
Não te atrevas a desistir de ti
Não te atrevas a desistir da vida
Não faças isso a nós
Ahhhh que raiva de te ver sofrer assim
Ahhhh que ódio desta vida
Não te atrevas a virar costas a esta batalha
Não te atrevas a deixares-me aqui sozinha
Onde está a tua coragem
Onde ficou a tua garra
Não quero saber do teu cansaço
Não fales no teu desalento
Luta carambas
Luta
Raios amor não me desiludas por favor
Não vires as costas a ti próprio
A guerra ainda não acabou raios
Não faças isso a nós

sábado, 25 de outubro de 2008

Etiqueta

Estás tão diferente! Pareces outra pessoa!
Foi-me dito em tom quase… saudade.
Sorri olhando bem nos olhos… e em silêncio fiquei.
Por vezes fico com a sensação que há minha volta andam todos a lamber as suas próprias feridas e de tão ocupados que estão nem param para fazer a pergunta certa
- Que aconteceu contigo tão marcante que estás tão transformada?
Tenho a convicção que até respondia por ser uma pergunta inteligente
Mas com constatação já feita não vou desgastar-me com explicações…
Parto do principio que quando se constata não estamos à espera de uma resposta
Fizemos o diagnóstico, passamos a receita e até demos o horário e direcção da farmácia.
É muito engraçado observar a forma que a maioria encontra, apenas por ficar sempre bem, a preocupação com os outros.
Este jeito meio solução apressada sempre me deixou intrigada.
Será falta de percepção?
Será falta de tempo?
Ou será estupidez a mais?
Ou será inteligência a menos?
Raios, quando alguém se transforma em demasia, alguma coisa aconteceu…
Carambas, quando alguém deixa de ser quem um dia foi, alguma cicatriz está por fechar…
Xiça, até a burrice tem limites
O tempo em que relevava a inutilidade da preocupação cínica e fingida
Já lá vai
O tempo em que a paciência era uma constante
Já lá vai
O tempo em este tipo de conversa miudinha me obrigava a agradecer
Já lá vai
Já não tenho tempo, para este faz de conta de quem veste a caraça de boa pessoa
Já não tenho tempo, para as regras da etiqueta
Quando se gosta de alguém e esse alguém se transforma, paramos e frente a frente com os olhos mergulhados no seu olhar
- Ninguém muda assim porque quer, o que se passa contigo, não finjas nem fujas eu estou aqui
Isto seria alguém minimamente inteligente e digno(a) de saber a verdade
Entrar no jogo das boas maneiras…isso é coisa que já não tenho paciência
Tenho pressa de VIDA
Tenho pressa de MIM
Tenho pressa da VERDADE
Um dia na estação do Metropolitano do Parque li
“ Etiqueta é estar à altura da necessidade de cada momento”
Quem escreveu??? Não me lembro do nome
Mas com toda a certeza um dia cansou-se de ouvir palavras vazias e sem corpo




quarta-feira, 22 de outubro de 2008

E o vencedor é...

Em primeiro lugar apareceu Dama de Cinzas, que com seu ar despachado e irreverente que tão conhecemos com um sorriso respondeu:
- Sou péssima para essas coisas, mas se alguém acertar me conta
Logo de seguida entrou Bianca Rieth, muito curiosa e quase a medo
- Cara, isso é muito legal. Sabe que até hoje eu não sei, como diz a Dama "sou péssima para essas coisas", minha cabeça não consegue pensar..hahahha!!
Adriano Queiroz, quase engasgado em tom de pergunta:
- Cigarro ?
A correr que nem menina travessa e traquina entra de rompante a Fernanda e meus amigos nem repito a resposta ahahahahah
Serenamente que só ela Dolores – novo olhar – ficou curiosa mas ficou-se por isso mesmo
Haere mai que não quis ficar a traz, de forma decidida respondeu :
- É o cigarro e não se fala mais nisso. A espanhola é a boquilha! Agora manda para cá o prémio se não processo-te por publicidade enganosa
Já eu pensava que meu canteiro não era mais visitado, como quem não quer a coisa aparece Angela Ladeiro:
- Fiquei em pulgas...é que não conseguirei adivinhar...vou vir cá de novo para saber o que os outros descobrem…
Zélia – mundo azul – no seu jeito complacente e amigo:
- ...parece que já descobriram!Também acho que é o cigarro...


Minhas senhoras e meus senhores é chegada a hora de anunciar o (a) ou os(as) vencedor (es)
……………. ……………………. ( ai perdão estava com a garganta seca)………….. ……………………… ( desculpem é dos nervos próprios dos momentos solenes) ………………………

A resposta certa é ............ O CIGARRO
Porém acertando ao não somos todos NÓS , vencedores porque mesmo que por momentos conseguimos saudavelmente brincar igualzinho crianças .
O meu abraço REPULHODO do tamanho do mundo para todos vocês






sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Qual é coisa qual é ela??? Quem adivinha ???









( autor desconhecido apenas sei que é obra popular)










Durante a próxima semana digo a resposta .
Quem adivinhar...ganha a TAÇA sempre cobiçada em ouro - ABRAÇO REPULHODO - em cerimónia pública.
Concorra

eheheheh rrrsssssssssss

Bom fim de semana ahhhh e não vale batota


ADIVINHA

Pode ser curto ou comprido,
pode ser grosso ou delgado.
Quase sempre anda escondido,
Quando não é procurado.

Quando é chamado a servir,
tem a mão de o trazer.
Bem direito e bem roliço,
o seu uso dá prazer.

Uma vizinha que eu tenho
espanhola, forte e bela,
pede às vezes com empenho
que eu encoste o meu ao dela.

De três sílabas composto
e sete letras tem só.
É coisa que até dá gosto,
tem C; R e acaba em O?

O que é?



quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Não quero saber...

Que dias loucos eu invento só para não pensar…não quero saber
Toca o despertador 6h30 da manhã.
Beijo meu homem, aconchego a roupa e digo baixinho
– Amor ainda é cedo
Visto a jardineira já é manhã
Desço num passo fecho - me na oficina
Trabalha berbequim trabalha…Não quero pensar…não quero saber
Vidros ladrilhados do berbequim saem
Em seus reflexos vejo uma cara marcada…Não quero pensar…não quero saber
Horas do pão, pego a sacola
Componho as marcas…da minha cara
- Bom dia vezinha
- Bom dia Sr.António
Com as mãos nos bolsos puxo a ganga da jardineira… amarrotada
- D. Graça bom dia
- Bom dia Elisabete
- Então essa perna?
- Está na mesma filha
- Ao fim da tarde estou por aqui
- Obrigado meu anjo
Viro costa, aliviada tiro o sorriso da cara
- Bom dia vizinha
- Ó Sr. João, bom dia – aceno com a mão
Continuo caminho…não quero pensar… não quero saber
Num alpendre entro, toco a campainha
- Ès tu minha linda?
- Sou D.Conceição
Abre a porta
- Então esse beijinho?
- Se não fores tu filha…
- Já estivemos a falar melhor. Onde está a pomada e a ligadura?
- Está no quarto
Massajo o braço meigamente, as dores são muitas
Enrolo a ligadura naquele braço que da vida está tão marcado
Não quero pensar…não quero saber
Um beijo lhe dou e na cara lhe faço uma festa
Compro o pão e faço o caminho ao contrário
- Bom dia Sr.Zé
- Bom dia vezinha
Rua acima lá vou eu não quero pensar… não quero saber
Subo as escadas, tiro a jardineira, escovo o cabelo e dou um jeito à cara vincada
Tenho que estar bonita para o meu amor
- Estás bem, tens dores?
- Está descansada, estou bem – responde a esconder aquilo que ambos sabemos
Faço o almoço, aprumo temperos
Não quero pensar…não quero saber
Lavo a loiça, digo tolices
Pareço uma barata tonta
Visto a jardineira, beijo o meu homem, meto os meus dedos nos seus cabelos grizalhos
Dou-lhe um beijo com demora
Agarro a sacola ponho a tiracolo
- Vou para a oficina até logo
Desço as escadas a velocidade de um soluço
Trabalha berbequim trabalha
Não quero pensar…não quero saber
4h da tarde, pego no telemóvel e com voz teatral
- Marido estas bem? Precisas de alguma coisa?
- Não baixinha, está descansada eu estou bem
. Homem meu tu por acaso sabes que te amo muito?
- E eu a ti baixinha
Desligo o aparelho
Trabalha berbequim trabalha
Não quero pensar…não saber
Pó e mais pó à minha volta
Não quero ver…
Cinco da tarde vou a casa da D.Graça, massajo a perna atrofiada
Volto para casa, beijo o meu amor
Tiro a jardineira e arrumo a cara cansada
Na cozinha estamos os dois
Faço a jantar, aprumo temperos
Falta a imaginação aos dois para tapar os silêncios
Jantar na mesa a fumegar nos olhos do meu homem espreita a desistência
E num repente salto com uma piada
Ele sorri, sabe a intenção
Temas sem nexo servem de motivo para conversas sem juízo
Ficamos na sala enquanto escrevo
Escrevo piadas…que são amargas
Não quero pensar…não quero saber
Meu homem vai deitar-se, já começa a ficar cansado
- Não demores baixinha, eu espero por ti
- Não demora nada
Escrevo coisas no ecrã
Outras no papel e essas faço batota
Deito fora…não quero ver
Vou deitar-me, enrosco-me nele em silêncio
Meia dúzia de tonteiras dizemos
Não queremos pensar…não queremos saber
Apagamos a luz
Não queremos ver… marcas no calendário
Será o que tiver que ser o FUTURO
Certezas de vida é neste AGORA



domingo, 12 de outubro de 2008

Como doí...

Caneca de café, cigarro na mão, sentada na varanda e brinco à cabra cega com o pôr – do - sol.
Respiro o ar que o vento me oferece com o cheiro do meu mar da Nazaré misturado com o cheiro da Serra dos Candeeiros.
Cheiro conhecido, não tem novidades para mim.
Cheiro que traz lembranças, memórias que não tem fim
Imagens de amor, carinho que um dia absorvi…e guardei dentro de mim
Palavras sábias, em tom de experiencia foram gravadas sem escopo nem martelo somente com uma entrega que não tinha fim.
Foi amor sem cobranças
Foi amor sem exigências
Foi amor apenas por amar
Ai como dói a saudade
Ai como dói recusar esta dor
Desventro-me para sorrir
Mutilo-me em cada homenagem que faço gargalhando e sorrindo
Como se engana a DOR?
Como se engana a nossa alma,
Minha alma chora e se arranha para me manter viva.
Ai como dói este querer alimentar de Saber e Dedicação
Ai como dói este sorriso todos os dias para Homenagear
Chorar não posso…não devo…não era Justo
Tenho que sorrir… desta forma tenho que lembrar
Ai como dói
Gritar não posso…ninguém consegue entender
Eu nada perdi…apenas tudo se transformou
Nesta transformação tudo é difícil
Ai como dói
Ter saudades apenas sorrindo
Amar para mim, agora… tem outro sentido
Amar para mim, agora…tem outra plenitude
Amar para mim, agora…tem outra finalidade, honrar o me foi ensinado
Sorrir por saber que não me queres ver chorar
Ai como dói este buraco vazio no meu peito
Ai como dói este pensar que já não te vejo
Tenho mais do que um dia pedi
Mas dói viver por saber que só te tenho conjugando em Passado





quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Descobri

Cigarro na mão que acompanha uma Ginjinha numa noite que promete uma manta nos pés da cama.
Sorrio com gosto a fel a cada palavra
Hoje descobri…a leveza da palavra NÂO
Só agora descobri que NÂO…é precioso para a limpeza da nossa alma
É como o cortar de correntes ferrugentas que infecta meus pés
É como o abrir de uma gaiola num quarto escuro empestado de humidade
Só agora descobri que o SIM na minha boca, não era mais que o pedinchar constante para gostarem de mim
Só agora descobri que a cada SIM nos meus lábios, não era mais que o começar de penitências muito acima daquilo que podia suportar
Abro mão de ser “porreira” ou “uma gaja fixe”
Passar a ser qualificada como fria?
Tanto melhor…não me interessa nem quero saber
Passar a ser qualificada como distante
Tanto melhor…não me interessa não quero saber
Saber que dou jeito
É curto para mim
Saber que é bom eu estar à mão
Já não me chega
Eu mereço e quero mais
Migalhas não me satisfazem mais
Oportunismo…já não me ilude
Exploração…não me convence mais
Esgotei a minha quota de abnegação, dedicação e aposta… apenas por ser mais fácil para mim
Queria que gostassem de mim…
NÃO, são três letras somente
Hoje disse a medo…faltou-me convicção…cravei as unhas na palma da mão
Mais outras três direi…até aprender que EU também sou gente
Outras três vou falar sentindo
E três outras direi em tom de verdade.
O melhor de mim sempre dei…até me anular
Mas a minha dignidade eu não vou perder nem dar

domingo, 5 de outubro de 2008

Diferentes...Universos

Universos tão diferentes…e tão próximos
Mundo feminino uma cesta de fruta ornamentada com flores
Universo de emoções agridoces, que se debatem com subtilezas, de casca de cor desdém, sorrindo quando choram e chorando quando sorriem
Mundo preso a correntes de elos convencionais e do que parece bem
Universo de sonhos bebericados numa taça de licor chamado amor
Mundo com armas de grandeza mortífera, saída das entranhas em forma de palavras
Universo dividido pelo mar do querer e do que não tem
Mundo ocupado de auge num só momento
Universo colorido pelas suas verdades
Mundo que bebe verdade na sua ilusão
Universo de sementeiras com dor
Mundo em branco que dá inspiração ao pintor
Universo viciosamente sedutor
Mundo intricado e misterioso sabiamente escondido
Tão próximos…Universos tão diferentes
Mundo masculino, caravela vagabunda aventureira nas ondas do pensamento escondido
Universo de acção sentida e tão dúbia, que se debate com o desafio empurrado, para o silencio envergonhado e incompreendido, ao limpar as lágrimas com raiva porque não pode falhar
Mundo castrador de sonhos roubados pela razão da obrigação
Universo de canhões com balas certeiramente arrasadoras na sua imparcial crença
Mundo separado pela parede do que quer e do que tem
Universo das palavras mudas e das acções distorcidas
Mundo de plena procura em todo o seu tempo
Universo das verdades incolores
Mundo que se alimenta na luz do seu humor
Universo de sementes germinadas sem colheita
Mundo pintor de espaços em branco
Universo viciado em conquistar
Mundo frágil e tão graciosamente mascarado de muralha eterna
Homem…mulher
Mulher…homem
Nem melhor nem pior…são o complemento das suas falhas e a fortaleza das suas fraquezas
Nem melhor nem pior…são a atracção daquilo que não são

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

TITULO? Não tem...!!!

2 da manhã, e tudo se volta a repetir, cigarro numa mão na outra copo de álcool doce
Mais um sonho que fica por isso mesmo…um sonho…que liberto no espaço que já não é meu
É um circulo em que sempre estive, sempre vivi e nunca de lá saí
Amo e liberto o sonho em TROCA
40 anos de TROCAS
TROCO por amar
Engraçado…ninguém pede…ninguém exige
TROCO apenas por TROCAR
Sonhos, desejos, quereres
TUDO TROCO
Nada VIVO
Nada SOU
Nada TENHO
Sou igual a uma fonte
Não bebo nem me banho na água que dou
Apenas de mim saí a água
É como se as chuvas fossem emoções que em mim se juntam e se acumulam até verter
E eu igual à fonte formo lagoas de TROCAS por amor
Estranho… ter a lucidez suficiente para perceber, entender e acabar por ler todo um CURRICULO intrincado e atado em mil nós
E não encontrar as entrelinhas para desatar e deslindar uma escrita para outra história
TUDO TROCO
Nada VIVO
Nada SOU
Nada TENHO
Crio sonhos… que pinto em realidades para CAMINHOS que não são meus
Fabrico soluções… para vender a quem PROCURA
Adivinho REALIDADES …que muitos não se atrevem a reflectir nem vislumbrar
Equaciono PERGUNTAS… que outros tantos se acobardam de faze-las
Impulsiono EMOÇÕES e SENTIRES… em corações vazios
Ilumino OLHARES… ENTERRADOS em escuro desencanto e desespero
Canto FRASES em tom do saber… com palavras que desconheço existirem em escalas da reflexão e do reencontro
É estranho…quando tenho o atrevimento de sonhar para mim e a petulância de visualizar o sonho…rápido tão rapidinho o AGORA da PRIORIDADE em forma de teste…quase PROVA DERRADEIRA aparece de lado nenhum…apenas cresce na minha frente, como se ali sempre estivesse
E eu apenas TROCO
TROCO o que TENHO de mais valor no momento por ALGUÉM para mim ainda mais valioso
Também é certo que as TROCAS são sempre em justas proporções
É certo também que as TROCAS são sempre CUMPRIDAS.
TUDO TROCO
Nada VIVO
Nada SOU
Nada TENHO
Esta capacidade de NEGOCIAR…impossíveis
Esta capacidade de NEGOCIAR… destinos
Esta capacidade de NEGOCIAR… caminhos
Faz de mim um fantoche esbatido, roto e destorcido
Um DOM que me foi dado mas que não foi feito para por mim ser USADO…apenas para ser vivido
É como se a energia que produzo ininterruptamente seja uma luz quente e docemente atractiva
Quando tudo TROCO
Nada VIVO
Nada SOU
Nada TENHO
Para mim apenas fica o silêncio de uma lâmpada eternamente fundida