sábado, 31 de maio de 2008

Foi limpinho...

Hoje feriado dia de sol e calor de rebentar deu-me uma coisinha qualquer, lenço na cabeça roupa bem velha e gasta e tudo ficou limpinho
Com aquela disposição própria das mulheres quando querem mostrar a si próprias algumas coisas, com coragem comecei a fazer barrela geral
Com vassoura na mão comecei por vasculhar aquelas coisas impróprias nos cantinhos, dos pensamentos mais altos até eles (os pensamentos) ficaram mirradinhos.
De seguida ataquei de aspirador, foi um regalo desviar e limpar olhares que doeram, levantar palavras que machucaram, sacudir lágrimas que estavam escondidas.
Depois sentei-me convencida que já estava tudo
Acendi um cigarro, comecei a admirar a minha obra e franzi o nariz:
- Naaaaaaaã ainda nem começas – te
Danada apaguei o cigarro e de balde mais esfregona na mão ameacei:
- Nem penses que te ficas a rir PASSADO
Até o Sr. Diabo ficou de queixo caído
Decidida recomecei
Ele foi os cantinhos cobertos de medos bem miudinhos todos raspadinhos com ponta de faca, os rodapés bem esfregados até os pequenos deslizes aos pecaminosos ficarem perdoados, os vidros… bem esses foi como se tivessem deixado de existir ao ponto de ver melhor os NÂOS que me foram ditos a tempo e de grande valia.
Chegou a vez da senhora banheira aquela que me beija as dores em ferida e me faz sentir ainda dentro do útero.
Com carinho e primor a limpei como se fosse uma mãe velhinha.
Logo de seguida era a vez do senhor fogão
- Com que então nódoas de vinganças. Abri a porta do forno ah ah manchas de ódio
Sem dó nem piedade o esfregão trabalhou até ficar desconjuntado.
Os azulejos não esperaram muito, até ficarem a brilhar onde eu podia ver até doer o que EU permiti que me fizessem
Era a hora da chaminé
- A rir não ficas - prometi
Do alto do escadote feita equilibrista mancha alguma ficou
No fim de contas como podia eu ouvir a voz da razão e respirar o ar do bom senso com aquela chaminé de imitação?
Derrotas embrulhadas e muito bem arrumadas em gavetas especiais
Vitórias foram postas em lugares de destaque
Confiança e segurança em jarras perfumavam e coloriam
Para tráz olhei, passeavam pela minha cara lágrimas que sorriam, despedi - me do meu passado

quinta-feira, 29 de maio de 2008

O meu agora

Três anos passaram, cidade grande minha terra para traz ficou
Terra pequena, pensares miúdinhos, lembranças gigantes numa casa minúscula e tão soalheira
Lágrimas que não choro, gritos que calo, fortaleza que crio, sorrisos que atiro
Este momento, esta hora, este AGORA é um quadro ainda por pintar...o tema vai ser... vai ser
O tema, mas qual tema? A minha vida, o meu SENTIR, a minha lembrança a minha existência não é um tema !
As cores... quais cores? O meu sorriso, a minha saúdade não é um quadro!
Este AGORA não está fácil...tudo de novo...muito repetido e tão diferente … um quadro não
É bem mais do que isso ! É uma vida, uma existência que tudo espera de peito aberto, mesmo que doa. Um quadro não eu não sou um quadro.
No entanto…será que vale de alguma coisa fugir a uma das artes da vida?
Bem se "ela assim quiser " ao menos que seja um abstracto colorido, com pinceladas fortes contudo divertidas que obriguem a pensar, com contrastes luminosos e já agora porque não com brancos misteriosos.
Pensando e repensando melhor até me fica bem... um quadro em que todos olham se revêem e se comparam e depois dizem em tom de quem faz uma descoberta - é igual a mim, isto sou eu...
Depois como fazem os grandes especialista da matéria afastam-se uns passos atrás, tombam a cabeça, levantam o sobrolho
- Hum...Hum...parecia mais igual a mim, engraçado tem qualquer coisa diferente... isto não sou eu.
E sem olhar para traz saem da galeria.
Pois é...talvez por isso somos todos tão inéditos, tão solitários e tão complicados é que as pinceladas da vida nunca são iguais em cada um de nós


sábado, 24 de maio de 2008

Um passado

Hoje saudosamente sorri
Sorri com lembrança de uma menina amorosa e tão cheia de promessas futuras
Bateu no peito aquela saudade doce e quente como o cheiro da pele de uma criança
Sorri com a memória dos passos trocados próprios de quem corre mais do que pode na pressa de agarrar a vida
Doeu o coração com esforço de segurar uma gargalhada ao rever o mesmo tombo
Sorri com a lembrança das respostas escorreitas e rápidas quase a medo com palavras ainda tão trôpegas
Sufoquei ao engolir a saliva seca de tanta comoção
Abertamente sorri com o lembrar do primeiro exame
Vitória gloriosa
Abertamente sorri com o recordar do primeiro namorado
Conquista inocente
Abertamente sorri com o lembrar da primeira escapadela do liceu
Aventura histórica
Envergonhada sorri ao recordar a primeira mentira pensada
Envergonhada sorri ao rever aquela primeira vez…
Envergonhada sorri ao recordar aquele adeus desejado para encontrar outro começo…
Mentalmente refiz toda a escalada
Trabalho, revoltas e reivindicações naturais de jovem, aceitar o crescimento e aprender a ser mulher, descobrir segredos carregados e escuros…tão enredados, aprender com as dores, emendar erros, fartura de fome, fazer escolhas pior assumi-las, esconder medos mostrar valentias, libertar quem está de partida, esbater saudades, reconhecer raízes, perder ganhando e ganhar perdendo.
Agora sorri sem pudor algum deste passado que parece tão velho e tão cansado
Agora rio gargalhando é só um passado






sexta-feira, 23 de maio de 2008

Rugas

Hoje bem cedinho começou o dia
E como mulher asseada lavei a cara e ao limpa-la… nãooooooo eu não acredito
Lá estavam elas a rir-se para mim - RUGAS.
Ri desalmadamente posso dizer com gosto:
- Chegaram e nem dei por elas – depois pensei - mau mau quer isto dizer que já sou uma mulher crescida, uma senhora?
Mau mau então as gargalhadas acabaram-se, espontaneidade está fora de questão, as respostas atrevidas morreram e os pensamentos críticos e inocentemente escondidos terminaram?
Olhei para o espelho a franzir o sobrolho e com uma CERTEZA que nem a mim própria escondi pensei:
-Sempre fizeste questão de ASSUMIR fosse o que fosse até asneiras feitas por outros
Sem dúvida alguma tiraste o mestrado em te ADAPTARES às situações.
Quanto a sentires as situações no grau certo foram ESTILO que adoptastes.
A opinião dos outros foi coisa que aprendeste a ser demasiadamente IMUNE
Ser ORIGINAL para ti sempre foi ponto de honra porquê ficares preocupada como as outras mulheres?
Agarrei num pote de creme comprado o ano passado comecei a espalha-lo na cara (pelo sim pelo não) e bem devagarinho ao mesmo ritmo em que pensava no meu pensamento .
Sorri para o espelho:
- Já sei…encontrei a solução YES
Uma CERTEZA eu tenho estou no começo do processo do envelhecimento se perante o mundo e a mim própria ASSUMIR e me ADAPTAR com ESTiLO e ORIGINALIDADE fico IMUNE ao tal medo limitador da mulher comum.
Ser uma mulher crescida ainda vá. Uma senhora até pode vir a dar jeito. Pensamentos encarquilhados? Pensamentos enrugados? Naaaaaaaaaã

Oração

Começou a chover, uma chuva forte tocada a vento, noite escura esta.
Sinto frio, sinto-me desconfortável mas apeteceu-me falar com o silencio.
Começo a escrever sinto uma tempestade de sentimentos e pensamentos tocados a imagens e vozes memorizadas.
E na conversa com o silêncio nasce dentro de mim uma oração
-Que se faça em mim, o milagre de saber sonhar em cada estrela
-Que em mim se faça, a luz do saber dizer não quando é preciso
-Que se faça em mim, a capacidade de cravar as unhas para esconder uma dor
-Que em mim se faça, o sorriso que alegra os chorosos
-Que se faça em mim, o cumprimento das regras da amizade
-Que em mim se faça, as palavras certas nas horas incertas
-Que se faça em mim, o calor da mão estendida para os que caiem
-Que em mim se faça, o saber respeitar as escolhas erradas
-Que se faça em mim, a luz de não saber julgar
-Que em mim se faça, o saber perdoar
-Que se faça em mim, o saber ganhar
-Que em mim se faça, o ganhar quando se perde
-Que se faça em mim, a receita do pão quando não há farinha
-Que em mim se faça, o renascer das cinzas
-Que se faça em mim, a resposta certa à pergunta errada
-Que em mim se faça, o nascer da verdade
-Que se faça em mim, a morte da mentira
-Que em mim se faça, o partir de todas as correntes
-Que se faça em mim, as vozes das bocas amordaçadas
-Que em mim se faça, a solução nunca pensada
-Que se faça em mim, a volta de quem se perde
-Que em mim se faça, a bonança nos dias de tempestade

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Eh Mulher Danada

Hoje tinha que fazer umas compras para a casa vai daí pelo meio da manhã desço a minha rua num bairro agradável e prazenteiro, fazendo ainda mentalmente a lista das compras para não esquecer de nada.
Na paragem do (miniautocarro 17 lugares) URBANA já estava por lá uma jovem menina de 12 anos filha de uma vizinha
- Bom dia cachopa por aqui tão cedo? Hoje é feriado
- Vou a casa de uma amiga minha – disse com um sorriso bem disposto
Continuámos a tagarelar coisas próprias de um adulto com uma menina que começa a descobrir o mundo dos grandes .
A URBANA chegou, entramos e ficamos em bancos separados
Demos os bons dias à condutora que meteu conversa com a menina e passamos por duas passageiras na casa dos 50 anos que vinham em dois bancos lado a lado
A criança levantou-se e ficou junto à porta
- Esta tem pai? – começou uma abeirando-se do banco da outra
- Isso também eu gostava de saber – respondeu esta com sussurro mal disfarçado
Não tirei os olhos da menina, pedindo ao cosmos que não tivesse ouvido
E tremi, suei a segurar-me quando vi lágrimas caírem nos degraus da porta
Ahhhhhhhhhh que dor me deu no peito, comecei a suster a respiração com receio de não segurar o meu instinto eu não podia naquele momento ficar com a menina.
Suavemente nos seus 12 anos com o peso do mundo nos ombros desceu do miniautocarro, vitou-se para a minha janela de mão no ar acenando adeus e as lágrimas sem parar
Esperei a porta fechar e nem ainda a URBANA estava a andar
- Suas grandes cadelas com cio se tanto querem saber se aquela criança tem pai ou não tenham colhões e perguntem à mãe
-Ma…. – uma tentou
- Mas uma merda é uma criança não se sabe defender de gentelha como vocês suas vacas
-Ma…- tentou a outra
- Mas o CAR…HO suas p…tas que não tem nada melhor para fazer do que andar a tomar conta da vida dos outros
- Ó D. Elisabete – tentou a motorista
- Desculpe mas eu não me vou calar com gentelha escroque e cobarde temos que tratar como merecem
Aproveitando a intervenção da motorista uma ainda disse
- Não é preciso falar assim
- Quem não precisa de falar assim? – perguntei em tom arreliado no fim de contas agora neste momento só tinham que se calar – você sua verme no fim de fazer sofrer uma criança de forma canalha ainda tem a pretensão de vir com conversas de moralismo ou de educação comigo? – fiquei à espera da resposta e tornei a esperar – então sua cobarde agora que tem alguém da sua idade com a resposta na ponta da língua cala-se
- Ela só… - ainda tentou a outra provavelmente defender a comparsa
- Mas ela o quê ? Ela é tão viscosa e nojenta como você duas porcas sabujas que se calhar até são mães ou avós e dão-se a este papel triste é vergonhoso suas merdosas
De fininho saíram na próxima paragem
Mas antes de descerem ainda levaram com um – já vão tarde vermes vocês nem deviam entrar
Continuei a minha viagem
- A senhora desculpe a minha falta de educação mas foi mais forte do que eu, sei que está no seu local de trabalho mas não consegui controlar-me
- Não seja por isso estas duas são sempre a mesma coisa e da sua atitude só tenho a dizer Eh mulher danada

Blogueiros 0 - Bloguistas 0

Nestas lides de Blogueiros e Bloguistas a coisa parece que está a ficar fervente…fixe
Eu aos 43 anos que estou bem no começo e aos tropeções estou a achar um piadão
Até a mim apeteceu escrever sobre o tema
Vejamos:
Bloguista parece ser sinónimo da típica pessoa abelhuda e sem contexto, sem códigos ético-sociais tipo metediça desprovida de modos ou maneiras, mais propriamente dizendo anti-social quando a coisa não corre bem.
Blogueiro parece que são aqueles que independentemente da mensagem, motivo, produto etc etc fazem questão de serem cordiais, mais ou menos sinceros e com regras muito próprias a cumprir ( coisa que eu ainda estou a tentar perceber )
Certo?
Continuemos, ainda na barriga da mãe já os comentários começam a pressionar
– barriga bonita vai ser menino
Depois temos aquela frase – manchas na cara vai ser menina
Mais tarde no fim de nascermos
– tem os olhos da mãe
Gosto muito daquele comentário – tem o génio do pai
Ora bem assim sendo, porquê ficar incomodado com algo que faz parte de estar vivo – sujeição a comentários
Boa?
Agora pense comigo. Nos blogs, os comentários são permitidos ou não, por nós próprios e sem a necessidade da indelicadeza de apagar, temos sempre a opção de activar a nossa própria autorização para a publicação dos mesmos
Verdade?
Eu activei a minha selecção de comentários apenas porque gente tarada e mal formada com conversa de – nhanha – são como erva daninha não há veneno ou geada que os extermine
Mas eu garanto comentários críticos na base do construtivo e principalmente ideias opostas às minhas desde que comentadas de forma inteligente e correcta (com ou sem erros) serão sempre publicadas
Isso é PONTO DE HONRA PARA MIM
E se tiver mais um pouco de vontade de ler acompanhe – me
No meu entender o Blogueiro será sempre quem não se contenta apenas com a primeira pagina mas explora todas elas uma a uma e assim com a maior das facilidades faz um levantamento da personalidade do dono do blog e se o tempo empregue no comentário é bem aplicado
Correcto?
E depois como eu aprendi a filtrar aquilo que para mim é um desperdício de energia e perca de tempo falta-me a sensibilidade necessária para compreender esta fricção de posturas
Será que já caduquei o prazo de acompanhar os tempos de hoje e já estou velha eis a razão de não sentir efervescência com esta coisa dos blogueiros e bloguistas?
Caros(as) leitores(as) a minha intenção não é afirmar nada apenas estou a pôr uma linha de raciocínio e a levantar questõesAgora não me batam também que já estou quase velhinha BOA?

domingo, 18 de maio de 2008

Passaram 20 anos

Hoje dei conta 20 anos passaram
Há 20 anos atrás muito de mansinho entraste dentro de mim
Há 20 anos atráz aprendi a gostar de ti
História maluca esta
Maratonas psicológicas cheias de contrastes.
Jogo lascivo com regras feitas por nós.
Dois passados desgastantes em emoções que com sorrisos gargalhados sem qualquer pudor esbatemos das duas memórias.
Perdas suportamos com beijos analgésicos.
Horizontes construídos a dois.
Discussões limitadas pela perspicácia aguda.
Esperámos sem pressa um pelo outro
Nas culpas assumidas olhos nos olhos aprendemos que a perfeição não é mais que sabermos perdoar e aceitar os nossos próprios erros
E hoje passados 20 anos sinto-me sempre jovem quando pelo canto do teu olhar me fazes sentir ainda apetecível
20 anos passados tenho prazer no cheiro da tua pele
E hoje passados vinte anos o teu prazer é o meu
20 anos passados os pequenos gestos e hábitos que sempre me incomodam na tua ausência até eles são motivo de saudade
E hoje passados 20 anos ao passar os dedos no teu cabelo quase branco procuro no teu olhar o meu sentir no teu
20 anos passaram e ainda sinto aquele arrepio quente quando me beijas de supetão
Se tudo isto for amor pois que seja
Para mim não é mais do que ter sido bafejada por uma brisa agradável quando escolheste ser o MEU HOMEM.

sábado, 17 de maio de 2008

Passei-me

Hoje a coisa podia ter corrido mal…muito mal
08h da manhã estava aquele fresco húmido que faz cócegas no nariz que o espirro acusa
E eu toda muita senhora de mim lá fui comprar material que me faz falta para trabalhar.
Encomenda de vidros, encomenda de tintas e mais isto e mais aquilo…tare-teteu pardais ao ninho.
Sobrou algum tempo para um cafézinho mais companheiro cigarro uma observação maliciosa aqui outra mais inocente ali, coisitas banais
Já estava de volta naquele miniautocarro de 17 lugares (urbana) a trocar conversas fúteis com a condutora quando…
Uma negra entrava na dita cuja URBANA
- Bem velhinha – pensei – cabelo todo branco…
Por ver tanta dificuldade pois o corpo era bem pesado e os sacos não ajudavam resolvi dar uma mãozinha
Voltei para o banco…ainda não tinha acabado de me sentar mesmo por de traz do meu ombro um cinquentão com aquela rouquidão típica carregada de humor sórdido
- O quê agora aqui também entram animais?
- A começar por ti meu grande BOI – respondi olhando bem nos olhos
- Não foi consigo que eu falei – respondeu com um sorrisinho pendurado nas beiças
- Acontece companheiro que eu falei para si – levantei-me rapidinho e continuei – tem algum problema nisso?
- …
Esperei alguma reacção e esperei novamente mas cansei da espera
- É que se houver algum problemazinho saímos os dois na próxima paragem boa?
- Então…vamos a ter calma ai para traz – agua posta na fervura pela condutora – e o senhor tenha mais tento na língua quando fala dos outros passageiros.
Na paragem seguinte saiu aquele “ser vivo” que com aquela postura provavelmente até já morreu e não sabe.
A idosa com um sumido – obrigado – olhou para mim
No rosto cor de chocolate ainda se vê o rasto que a beleza de uma noite de Verão naquela face deixou, percebi o cansaço da rejeição apenas por ser diferente.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

O que quero...?

Sempre procuras o que querem e tu…que queres para ti?
Toda a tarde fiquei a matutar – que quero para mim? Esta agora matou-me, fiquei redonda no chão da minha consciência. Logo eu sempre tão garantida no alto das minhas seguranças, sempre tão confiante das minhas certezas pior ainda prevejo sempre a hora certa dos caminhos vindouros.
Para mim… não quero dizer SIM apenas por ser mais fácil de gostarem de mim
Não quero para mim a necessidade de agradar desmedidamente
Para mim…não quero lágrimas chorosamente miserabilistas
Não quero para mim a auto piedade no empurra sem fundamento da culpa nos outros quando a escolha é sempre minha
Para mim…não quero abrir mão do que é difícil
Não quero para mim a culpa do eterno - podia ter feito melhor
Para mim …não quero a memória lamechas nem chorona
Não quero para mim o peso de viver no passado lamentando o que não tive descuidando assim o que tenho hoje
Para mim…não quero ser lembrada com saudade ou mágoa
Não quero para mim a culpa de recordações sisudas ou doentias
Agora estranho… para quem sempre sabe para onde ir, sempre de nariz empinado e que na observação simples dá-se ao luxo de adivinhar as fraquezas e dores alheias…
Onde ficaram os - QUEROS? Em que caminho ou estrada os perdi
Parece que algo ficou para traz e nem dei conta
Sei o que NÃO QUERO mas e o que QUERO?

terça-feira, 13 de maio de 2008

Somente uma resposta

Não faças isso amiga
Não digas que sou especial
Especial? Por me ter lembrado um dia de ter nascido?
Provavelmente porque até bem há pouco tempo não tinha a coragem de dizer NÃO
Especial? Apenas por ser quem sou?
Provavelmente pelo sentido de humor tão mordaz até quando choro
Especial? Só porque conheço os meus limites?
Provavelmente porque divirto-me a testar a minha resistência
Especial? Apenas porque vejo o que é óbvio com anos de antecedência?
Provavelmente pela graça peculiar que aprendi a ver no ser humano
Especial? Só se for por não me iludir com perspectivas ou horizontes?
Provavelmente porque aprendi que tem mais valia apostar em dar o melhor até há exaustão sem esperar absolutamente nada, assim como é óbvio, tudo o que vier é sempre ganho sem nada perder
Especial? Apenas porque sou despudorada nos meus julgamentos até provarem o contrario?
Provavelmente aprendi que por excepção e apenas para confirmar a regra cruzo com alguém de longe a longe capaz de provar que sempre existe alguma coisa que me obriga a vergar na minha certeza
Especial? Só porque digo bem na cara com bofetadas verbais sem qualquer temor os ridículos centrismos pessoais, porque gargalho bem alto com auto comiserações ou porque viro costas sem culpa às desculpas imperdoáveis?
Provavelmente…essa é difícil e ainda dói… provavelmente por descobrir que a vida é feita de um conjunto de escolhas…e grande parte dessas escolhas são feitas por prioridades
Especial? Só porque aprendi a ouvir os silêncios dos outros?
Provavelmente porque sei olhar para mim
Especial? Só por saber dizer aquela palavra na hora certa?
Provavelmente porque aprendi a falar comigo
Amiga se para ti tudo isto é ser especial então tu também o podes ser
Olha para ti mesma, aceita-te e quando necessário sabe perdoar-te
Depois sorri, sorri para a vida para ela poder sorrir para ti também

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Ora Gaita

Fixe dores e mais dores
E mais fixe ainda, vómitos e tonturas
Boa isto tudo, num dia com cara feia…o quadro promete
Os músculos braçais de tão esticados e duros a qualquer momento parecem correr o risco de romper
Os músculos das pernas de tão doridos não obedecem ao pensamento parece que têm vida própria
Este cansaço no corpo faz-me doer
Vómitos são vómitos que incomodam e limitam
E de forma tonta me comporto com estes desequilíbrios irremediavelmente nada dignificantes.
Dou o meu melhor para estar ocupada mas estou tão lenta…
Dou o meu melhor para me abstrair e de mente fixa imponho metas mas ao mexer as mãos ridiculamente doem-me as unhas… as mãos pesam os oceanos do planeta
Dou o meu melhor para aclarar o nevoeiro dos olhos… mas fico por isso mesmo sem conseguir as pálpebras pesam os planetas do mundo
Ora gaita
As dores são o de menos com um cerrar de dentes bem apertado controlam-se
As tonturas…essas disfarçam-se com uns sorrisos e comentários fúteis.
Os vómitos…fora a fome com que ficamos é… uma questão de hábito
Os olhos enevoados…esfregando-os e aproveitando o tempo pesadão com voz casual – este tempo faz uma soneira
E o cansaço que faço com ele?
Se me deito todos os sintomas tomam a dimensão real
Fico assustada e nada resolvo com isso…
Se me ocupo canso ainda mais o próprio cansaço
Fico inanimada de tanta exaustão…
Ora gaita





terça-feira, 6 de maio de 2008

Por um Bocadinho...

Xiça foi por um bocadinho.
Saí de casa cheia de confiança na minha destreza e habilidade
-Hoje ou tudo ou nada - afirmei de mim para mim
E começou a minha desventura
Visão da primeira rotunda logo de imediato
- Vamos entrar e dar a volta completa – diz o instrutor quase a medo
- Olha boa – respondi eu toda muito cheia de mim – vamos a isso
Olhei a dita cuja lá bem a frente e em voz alta fixando os espelho
- É hoje
Pisca da esquerda, encostei suavemente na via ao meu lado reduzi para segunda verifiquei o tráfego e num aviso (pelo sim pelo não)
-Cá vamos nós
Pisca da esquerda , contornei a placa a saída estava a chegar, pisca da direita e saí
- E o espelho? – Perguntou ele agarrado à pega da porta
- Qual espelho? – Perguntei eu em tom de surpresa já que estava a correr tão bem
- Tem que confirmar sempre se pode mudar de via – afirmando o que é óbvio
Fiz silêncio, engoli em seco
- Quer isso dizer que só faltou um bocadinho…? – Tentei disfarçar os nervos
- Foi… faltou só um bocadinho – escondeu o sorriso
Mais uns metros e lá estava outra acenar para mim – olha eu aqui estás a ver-me… eu a rotunda
Pensei – ‘tas feita
Reduzi para segunda já à espera das instruções
- Agora vamos dar a volta completa e sair na última – disse calmamente
Tive que parar. Um GINJARELHO circulava tipo barata tonta, feito pancinhas que roçava a fronteira de quem não sabe o que quer.
-Desta vai – disse decidida
-Pisca da esquerda, controla o bicho, faz a rotunda olha o espelho – e saí
-Yes – gritei
-E o pisca? – perguntou
-Qual pisca? – respondi
- Mudou de via certo? - silêncio e de seguida como incentivo – faltou só um bocadinho
Eu por minha vez apenas acrescentei um tímido – POIS…estava a correr tão bem…
Logo de seguida uma mãe – agora vê lá mata a peoa reduzi para primeira, travão suavemente e embraiagem ao fundo foi perfeito…roçou a beleza
- Vês tu até sabes isto nem custa nada – falei de mim para mim – és uma complicada
- Isto faz-se com uma perna às costas – acrescentou concordando
Feitas as contas quase correu bem.
Feitas as contas faltou um bocadinho para estar feliz comigo


segunda-feira, 5 de maio de 2008

Estou Zangada

Hoje chorei, chorei com raiva de mim.
Hoje chorei, chorei desiludida comigo mesma.
Fico com ganas de bater a mim própria quando sei que consigo fazer melhor é como um íman me puxasse para o erro
Fico com ganas de me insultar quando tenho mentalmente o saber e fisicamente tudo faço errado é como se um abismo misterioso me atraísse para a descoordenação.
Estupidamente caio no engodo.
Consigo visualizar o que quero
Consigo ver-me segura e confiante no futuro que a mim chamo
Consigo ver o sorriso da vitória na minha cara
E todos os dias ferro as unhas nas palmas das mãos de tanta desilusão raivosa
Badamerda para isto
Será que sou assim tão nula de capacidades motoras?
Porra não custa nada
Travão é para abrandar.
Acelerador é para isso mesmo acelerar
Embraiagem é para…para…para…juntar com travão e parar? Meter mudanças? Também para…para…para…pôr o dito cujo a mexer?
Piscas é fácil, espelhos quando me lembro está-se bem
Visto assim até é fácil
Rotundas… é tira e queda 1ª e 2ª saída pela via da direita, restantes junto á placa. Jogar os piscas mais travão para controlar o bicho e já está fácil…fácil enquanto visualizo depois…depois…depois…troco os pés, fico com mãos a mais, olhos em bico e uma dor de cabeça e costas que dá dó.
Estou tristemente zangada.




domingo, 4 de maio de 2008

QUE SE FAÇA JUSTIÇA

Após este descambar de histórias mal contadas, manipulando vidas inocentes com mentes doentes, em que, eu assisti de forma passiva e num silêncio culpado.
Agora que impera a calmaria própria de um combate sem vencedores, sobram lembranças que teimam em manter na memória a prova que tudo foi real
Foi-me perguntado
- E tu ...com tantas apostas que fizeste em vidas e escolhas que não eram tuas? E tu agora…?
Amiga neste meu agora …
Neste agora sobra o orgulho que tenho nesta capacidade de desdobrar-me abdicando em nome do SENTIR que vive dentro de mim
Neste agora sobra a vitória de tantas vezes ter visto o sorriso nos olhos de quem amo
Neste agora sobra a consciência que fiz e dei o meu melhor a vidas que não eram minhas
Neste meu agora sobra a liberdade de manter viva na memória a lembrança de lições doridas que a vida atempada e justamente me deu
Mas sei que todos os dias a culpa me persegue…a culpa do silêncio
Mas sei também que errei acertando…como cúmplice da minha passividade tive a VIDA
Tudo isso pouco importa neste agora, falta-me tempo para lamentos
Em nome do meu SENTIR tenho que me reerguer para lavar e sarar feridas
Feridas feitas por esperanças e sonhos vazios de razão
Não vou permitir que quem eu amo ganhe infecções na alma causadas por vidas que sempre o rejeitaram somente usaram
Não vou permitir que até pela ausência consigam a destruição
Amiga neste meu agora sei que a VIDA é certeira e justa
Na ponta da sua espada traz a aprendizagem devidamente equilibrada a cada um de nós
Amiga neste meu agora com beijos e afagos desinfecto os lamentos do guerreiro que amo
Sei que as cicatrizes vão ficar-lhe…Mas a escolha não foi minha
Que se faça JUSTIÇA